Nós, educadoras e educadores da rede estadual, estamos em situação de miséria, adoecidos, acumulando empréstimos impagáveis, sem dinheiro para ir trabalhar, a depender da caridade de familiares e escolhendo entre comer e pagar as contas.
Contamos cinco anos sem qualquer reposição salarial e 46 meses de atrasos, acumulando perdas inflacionárias superiores a ⅓ do poder aquisitivo desde novembro de 2014, data do último reajuste. A quarta maior economia do Brasil paga, a quem é responsável por educar seus filhos, o segundo pior salário básico do país. A defasagem em relação ao Piso Nacional chega a escandalosos 102%.
Agora, enfrentamos o mais desumano pacote de ataques entre as medidas de enxugamento do Estado propostas por Eduardo Leite. Querem destruir a carreira do professor, taxar aposentados(as), punir funcionários(as) de escola, retirar direitos e reduzir ainda mais nossos salários.
Diante de tantos ataques, o que temos a comemorar é a resistência da categoria. Não é à toa que ameaçam com tanta violência a escola pública, espaço por excelência de formação, pluralidade e fomento ao pensamento crítico. É neste ambiente que encontramos forças para lutar e barrar os planos de destruição do passado, do presente e do futuro.
Somos a linha de frente de qualquer projeto de desenvolvimento. O contato mais duradouro de muitos, quase todos, com a educação formal. A resistência natural da civilização e da esperança ante o obscurantismo e a barbárie.
Assim que Eduardo Leite protocolar os projetos relativos a mudanças no Plano de Carreira do Magistério, alterações no Estatuto dos Servidores (Lei 10.098) ou Previdência Estadual, o Sindicato comunicará toda a categoria.
Setenta e duas horas depois, entraremos em greve para barrar o fim da carreira e os ataques ao serviço público. Não aceitaremos retroceder. Somente uma mobilização massiva, forte e unificada pode obrigar Eduardo Leite a recuar.
Esperamos contar com a compreensão e apoio de cada pai, cada mãe e cada aluno. Todos nós sabemos das dificuldades envolvidas e da consequência de uma greve para a organização familiar.
Mas, infelizmente, o governador não nos deixa alternativas. Nossa causa é justa e os gaúchos estarão ao lado de quem tem na educação a principal bandeira para a emancipação e o desenvolvimento social e econômico do Rio Grande do Sul. Se é guerra que Leite quer, é greve que ele vai ter.
* Helenir Aguiar Schürer é professora do Estado há mais de 30 anos e atual presidente do CPERS Sindicato
Edição: Marcelo Ferreira