O Conselho Universitário da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) aprovou o pedido de destituição do reitor Marcelo Recktenvald, em reunião realizada no campus de Chapecó, na noite desta segunda-feira (30). Com isso, a proposição de destituição do reitor nomeado por Bolsonaro, que a comunidade acadêmica encarava como um interventor, será encaminhado ao Ministério da Educação.
Com 35 votos favoráveis, 12 contrários e duas abstenções, houve um impasse no resultado da votação. A reitoria divulgou que a proposta não havia sido aprovada, alegando que os votos não representariam os 2/3 necessários em relação às 54 cadeiras totais do conselho. Porém, só 51 membros tinham direito ao voto no pleito, excluindo o reitor e o presidente de sessão, que não têm direito a voto, e uma vaga que não está preenchida, explica o Sindicado dos Docentes da UFFS (Sinduffs) em nota.
Nessa situação, cabe recurso ao plenário. Entretanto, em vez de apresentá-lo, a mesa se retirou da sessão. Neste momento, seguindo o regimento, a conselheira há mais tempo na universidade, Morgana Cambrussi, assumiu a presidência da mesa. Ainda de acordo com o estatuto, que prevê que quando não há consenso de entendimento entre a mesa e os conselheiros, o recurso deve ser colocado em votação pelo plenário.
Com 41 conselheiros presentes na sessão, foram 37 votos favoráveis ao entendimento de que o número de conselheiros com votos válidos era de 51 e não 54 membros e 4 abstenções. Dessa forma, foi proclamada a aprovação da proposição de destituição de Marcelo Recktenvald.
Resistência à nomeação
No último dia 30 de agosto, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) assinou o decreto que nomeia Marcelo Recktenvald para a reitoria da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), pelos próximos 4 anos. Recktenvald e seu vice, Gismael Perin, participaram do processo eleitoral de consulta à comunidade acadêmica para o cargo, tendo ficado em 3º lugar na contagem dos votos, ficando fora do 2º turno de votação.
Desde o anúncio da nomeação do interventor, toda a comunidade acadêmica da UFFS está em permanente mobilização para denunciar os perigos dessa decisão à sociedade. Nos campi de Chapecó e Erechim, diversos cursos estão com as aulas paralisadas. Em assembleia dos professores realizada na sexta-feira (6), com participação dos seis campi da UFFS, foi deliberado estado de greve. Em Chapecó, onde está localizada a reitoria, os estudantes mantêm ocupação desde o dia 30 de agosto, em forma de protesto.
Edição: Marcelo Ferreira