Enquanto muitos países no mundo caminham para a redução dos seus respectivos encarceramentos, no Brasil, a realidade é completamente oposta. O país tem uma das maiores populações carcerárias, tanto masculina, quanto feminina do mundo. Enquanto a população carcerária masculina ocupa a terceira posição, com 725 mil pessoas presas, ficando atrás dos Estados Unidos (2,1 milhão), e da China (1,6 milhão), de acordo com estudo divulgado pela Pastoral Carcerária, em setembro do ano passado. Já a feminina, segundo relatório divulgado pelo Infopen (Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias, de 2018), o Brasil encontra-se na quarta posição mundial (42.355), ficando atrás apenas dos Estados Unidos (211.870), da China (107.131) e da Rússia (48.478) em relação ao tamanho absoluto de sua população prisional feminina.
Nos últimos dez anos (2000 a 2016), o encarceramento feminino superou o masculino em 300%. Ao se comparar com os cinco países que mais aprisionam mulheres, o Brasil não encontra parâmetro de comparabilidade entre o grupo de países, ficando em 455%, a Rússia, por exemplo, no período de 2000 a 2016, diminuiu em 2% o encarceramento deste grupo populacional.
O estudo intitulado “Luta antiprisional no mundo contemporâneo: um estudo sobre experiências de redução da população carcerária em outras nações”, elaborado pela Pastoral, aponta que o Brasil é o único, entre as seis nações que mais encarceram no mundo (EUA, China, Brasil, Rússia, Índia e Tailândia), mantendo um ritmo intenso e constante de crescimento das taxas de encarceramento desde os anos 1980.
A realidade do sistema carcerário é mostrada nos documentários da cineasta gaúcha Tatiana Sager. Em entrevista ao Brasil de Fato, a também jornalista e fotógrafa conta que o interesse pelo tema veio quando em 1994 cobriu o motim liderado por Melara e Fernandinho. A história não contada, de como funcionava esse sistema ficou atravessada em Tatiana.
Dezenove anos depois, um curta-metragem começou a dar vida a um projeto que se tornou maior. O Poder Entre as Grades, dirigido junto com o cineasta Zeca Brito, introduziu, em 2013, Tatiana nos trabalhos de audiovisual sobre o sistema prisional. Premiado e reconhecido tanto nacional quanto internacionalmente, o filme Central, em longa-metragem, veio na sequência e relata o poder das facções no Presídio Central, que posteriormente teve seu nome mudado para Cadeia Pública de Porto Alegre. Dele, nasceu a série Retratos do Cárcere. Além da realidade masculina, a cineasta também abordou o sistema feminino com o documentário Olha para Elas. Tanto Retratos quanto o Olha para Elas estão em fase de produção e finalização.
Ela também analisa o setor audiovisual nacional frente a censura e cortes impulsionados pelo atual governo de Jair Bolsonaro. “A política do audiovisual no Brasil está à beira da morte. Tudo que conquistou nesses últimos anos está indo por água abaixo. Está vindo a censura. O audiovisual virou uma indústria, geradora de empregos, o problema maior, nessa situação é cancelar as produções, as pessoas vão ter que começar a fazer outras coisas”, aponta.
Confira a entrevista completa:
Brasil de Fato: Quando e como surgiu o teu interesse pelo tema do sistema carcerário?
Tatiana Sager: Em 1991 eu comecei a trabalhar no jornal Correio do Povo como diagramadora e posteriormente como fotógrafa. Passei também pelos jornais NH, Pioneiro e Zero Hora, como fotógrafa. Em 1994, antes de ir para Londres, onde permaneci por dois anos, cobri o motim liderado por Melara e Fernandinho, pelo Correio do Povo, e me encantei pela história das prisões.
Não sei se lembras da fuga que teve em Porto Alegre em que eles (Melara e Fernandinho) entraram no Plaza São Rafael. Eu e a colega Denise Garcia conseguimos contato com o Fernandinho e o Melaria dois dias depois desse motim e entramos no presídio (Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas - Pasc) como namoradas deles e os entrevistamos. Depois disso nunca mais consegui entrar na Pasc como jornalista, mesmo fazendo o documentário sobre o Central. A partir dali, essa história virou uma questão de honra porque eu acabei nunca escrevendo, nem eu nem a Denise escrevemos essa entrevista, porque dois meses depois eu estava viajando para a Europa. E na época fomos ameaçadas por algumas pessoas. Fiquei dois anos em Londres. Quando voltei pro Brasil comecei a trabalhar com assessoria de imprensa e a tocar o projeto Boca de Rua, ao lado da Rosina e da Clarinha, em que eu orientava os moradores de rua a fotografarem suas pautas, quando criamos a Ong Alice. Nessa época, casei com o Beto Rodrigues e começamos a montar a produtora, ele sempre trabalhou com cinema. Em 2002 eu fazia assessoria de imprensa para toda área de cinema aqui no Rio Grande do Sul.
Em 2008, encontro o Renato Dornelles, que tinha feito a cobertura o motim de 94 para a Zero Hora e estava lançando o livro Falange Gaúcha. Nesse tempo eu já tinha apresentado um projeto de documentário sobre uma prostituta, com a Rosina Duarte e o Renato Dalto, chamado Janete - Minha vida não é um romance. Na época estávamos trabalhando na Ong Alice, além do Boca de Rua, com essa questão das prostitutas, junto com o Sindicato das prostitutas. Esse foi meu primeiro documentário.Quando eu estava desenvolvendo esse documentário, Renato Dornelles lançou seu livro e despertou o interesse de fazer um documentário para recuperar toda a história que não tinha feito. Escrevi o projeto no Fundo de Apoio à Cultura (FAC), foi selecionado para curta metragem. Em 2010, finalizei o Janete, e em 2012 concluímos O Poder entre as Grades que é baseado no livro Falange Gaúcha. Dirigi o curta com o Zeca Brito, o Renato foi também o roteirista. Foi uma coisa pequena, mas vimos - ele também era datado - que tinha uma brecha muito importante, que era a questão do sistema carcerário atual, ainda mais no momento em que o Presídio Central era um dos presídios que tinha sido considerado como o pior presídio da América Latina. Na sequência surgiu um FAC para finalização de longas, a partir desse primeiro corte, sabíamos que teria que ser feito muita pesquisa, mas foi selecionado mesmo assim, daí ganhamos R$ 100 mil para fazer esse documentário.
BdF: Como foi fazer esse documentário?
Tatiana: Foi realmente uma coisa muito difícil. Comecei a conhecer mais profundamente o sistema carcerário, poucas vezes tinha entrado e sentido exatamente como era o sistema dentro de uma prisão. O que nos apresentavam, normalmente, eram aquelas alas que hoje continuam apresentando para advogados, juízes, estudantes, que é uma ala que tem sempre entre 30 e 40 presos, destinada a detentos em tratamento contra a dependência química, onde é desenvolvido o projeto Direito no Cárcere. Parece um presídio de primeiro mundo, mas não é todo mundo que queira ir para essa ala que tem condições, são 30 ou 40 para um universo de 5 mil presos.
Hoje o Presídio Central é dividido por galerias. São 26 no total e 11 delas, que abrigam 80% do total de presos, são dominadas por facções. São cinco as principais facções: Bala na Cara, os Abertos, Conceição (que é da Vila Conceição), Farrapos e os Manos, que é a facção mais antiga. Comecei a me reunir, fiquei mais de um ano tentando autorização do diretor do presídio, mas não conseguia. Eu já estava desesperada! O que eu ia falar do presídio se eu não mostrasse o que significa 90% do sistema carcerário? A gente só podia entrar na ala desses 30 presos, ou na dos trabalhadores que significava menos de 10%, que trabalham na cozinha, ou dos Evangélicos e travestis.
A última reunião foi bem pesada, com todos os chefes das galerias, não me deixaram (esse chefe de segurança) entrar no círculo de discussão. O Renato podia entrar, o juiz, só que quem falava há muito tempo com os presos era eu. E todos olhando para mim fora desse círculo, que tentava convencê-los a deixar entrar as câmaras dentro do presídio. Os chefes me perguntando por que eu queria fazer as entrevistas, colocar câmeras lá dentro. E eu argumentando que queria mostrar a realidade vivida ali. Um deles disse: “Viu, tu quer mostrar isso e se tu mostrar isso vai fazer com que não entre mais gente nas galerias”.
Eu ainda não tinha compreendido que chefe de facção não é preso comum, e chefe de facção quanto mais preso tiver lá dentro, mais eles lucram. O que acontece, e mostramos no filme, é que líderes de facções chegam a lucrar cerca de R$ 500 mil por mês dentro das galerias. Muito em função de corrupção e de extorsão de familiares. Quando parava de entrar preso, parava de entrar dinheiro para as facções. Quando eu me dei conta que eu estava há dois anos finalizando um filme, com todos os depoimentos e tudo sobre o Presídio Central e não tinha entendido essa lógica deles, caiu como um soco na cara essa história que eu já sabia, mas não tinha me convencido disso, de com quem eu estava tratando.
Parecia que não ia dar em nada depois daquela reunião, mas uma semana depois dois líderes das facções (Farrapos e da Conceição) toparam colocar as câmeras lá dentro e gravar. Foi nesse período de uns dois meses, quando estava esse diretor (sociólogo). Logo depois houve mudanças e daí, veio de novo a repressão absoluta, o fechamento completo que é o que acontece na maioria dos presídios no Brasil que ninguém quer mostrar a realidade do que acontece lá dentro. Pegamos, por acaso, um cinegrafista maravilhoso de uma das galerias, que narra completamente várias situações vividas ali.
Tínhamos 100 horas de gravação naquela época, e decidimos por contar didaticamente para que as pessoas entendessem a realidade. Sucumbiu várias coisas, como a questão dos evangélicos, dessa ala do direito do cárcere, da questão das travestis dentro do presídio, e outras que ficaram de lado, porque não dava para contar tudo. Nesse material tentamos contar a entrada deles no presídio, a situação desses acordos que aconteciam dentro das galerias, das mortes no regime semi-aberto, do posicionamento das facções dentro do presídio. Temos coisas inéditas, como a revista feminina. No lançamento do filme em São Paulo, o Caco Barcellos comentou que uma das coisas que ele nunca tinha conseguido foi justamente isso, filmar a revista das mulheres.
O documentário ganhou diversos prêmios, entre eles de Direitos Humanos de Jornalismo. Em termos de bilheteria, durante duas semanas ele foi o filme brasileiro com maior público de cinema entre os filmes brasileiros. Foi também o terceiro documentário mais assistido em 2017, chegando a 17 mil espectadores, o que hoje em dia é uma coisa raríssima.
Antes de ser lançado no cinema, mostramos parte do filme em todas as universidades. Fiquei durante um ano apresentando ele na Fase, toda a semana. Para os internos era muito empolgante porque eles se reconheciam ali, muitos deles tinham uma ideia contrária, queriam entrar no Central. Mostrávamos a realidade, principalmente a situação que as mães passavam, porque eles respeitam demais a figura materna, e eles sabiam que quem mais sofreria seriam elas.
A partir de todo esse material, e do sucesso que foi o filme Central, fiz um projeto, porque eu achava fundamental mostrar esses outros aspectos que a gente não tinha mostrado no filme, que é a série Retratos do Cárcere. Consegui o contrato com uma TV, entrei em um edital do Fundo Setorial do Audiovisual e fui selecionada. Estamos com um contrato para uma segunda temporada, mas não sabemos se vai ter editais ou não, e se esse tema vai ser bem quisto por quem decide a questão dos editais.
São 13 episódios, com 26 minutos com temas específicos, na mesma linha do Central, com especialistas falando e com muito mais personagens. Está em fase de produção. O primeiro deles é sobre o encarceramento em massa, com especialistas contando que, por exemplo, o Brasil é o terceiro país que mais encarcera no mundo, primeiro é os Estados Unidos, segundo a China. O Brasil com maior nível de crescimento enquanto todos os outros países estão com um nível decrescente. Esse episódio conta como esse encarceramento acontece. Inclusive, durante esse meio tempo, fizemos o documentário Enjaulados, que são presos que ficam dentro de viaturas, chegando a mais de 50 dias presos, sentados dentro de uma viatura com mais seis presos. Isso entra também nesse primeiro episódio. Daí seguem os demais episódios. Para saber mais acesse aqui.
Provavelmente a série saia no início do ano que vem. Fora isso estamos com o lançamento do filme Olha para Ela, que estamos entrando em um edital para fase de finalização, sobre o encarceramento feminino, que também vai virar série, com mais 13 episódios.
BdF: A partir do documentário Olha para Ela qual tua leitura da realidade dos presídios femininos em relação ao masculino?
Tatiana: É completamente diferente. No presídio feminino as mulheres são completamente abandonadas por seus parceiros. A organização é diferente. Apesar de ter tido um crescimento muito superior ao dos homens, nesses últimos 16 anos, de 2000 a 2016, o crescimento em número de presas subiu 600% no Brasil, enquanto dos homens foi cerca de 300%. Mas as mulheres representam de 6 a 7% dos encarcerados no Brasil.
Enquanto o número de homens é de 700.000 (setecentos mil), o de mulheres é de 40 e poucos mil. Mas o que acontece principalmente nos presídios femininos, e que é a pior realidade para elas, é que 60% das presas são por tráfico de drogas. A maioria delas tem muitos filhos, e de pais diferentes, e elas são a estrutura, o esteio da família, e quando a mãe é presa, a família toda desmorona. Então tem muitos casos assim. O maior problema do aprisionamento feminino é a desestrutura da família, os filhos ficam à mercê, não tem quem cuide.
As presas acabam engravidando e tendo filhos lá dentro. A duração do tempo entre mãe e recém nascidos é diferente no Brasil inteiro, cada estado tem uma legislação, por exemplo, aqui no RS com no máximo um ano a criança tem que ser afastada da mãe. Normalmente a criança é entregue para a avó ou um tio, caso não tenha, vai para um abrigo e daí é afastada da mãe. Pegamos o case de uma menina grávida que tinha nascido na prisão, e que tinha sido presa grávida. É uma repetição de círculo sempre.
A organização no presídio feminino é muito maior. A questão do homossexualismo dentro do presídio feminino é diferente do homem, os homens não aceitam o homossexualismo, é rejeitado ou colocado de lado, tem uma ala em separado, são abusados, enquanto no presídio feminino quase 90% das mulheres acabam tendo relacionamento homossexual. Mas muitas, quando saem, acabam voltando para sua heterossexualidade.
Em geral, se é pelo tráfico, normalmente, a mulher é presa junto com o homem. Ela nunca é uma líder, é presa, mas nunca assumiu uma hierarquia no tráfico. Essa questão de gênero é bem forte. Há muitas presas provisórias, há presas que chegam a ficar dois anos como presas provisórias. Pegamos o case de uma mulher que estava saindo. Ela estava há 10 meses presa, por engano, porque o nome dela era parecido com o de outra pessoa.
No presídio masculino a visita das mulheres é uma realidade de quase 80% dos presos, enquanto que no presídio feminino o homem abandona a mulher, quase sempre. A maioria dos homens não vai visitar suas parceiras, tanto que no Madre Pelletier tem duas celas para visita íntima. Dizem que praticamente sempre vazias, porque o homem não vai. Tinha uma presa, que acompanhamos, que havia ganho bebê e o namorado vinha visitar, só que não podia fazer visita íntima porque não tinha ninguém que ficasse com a criança, as próprias presas, amigas dela, não podiam se responsabilizar por ela. Uma das poucas que tinha visita, não tinha possibilidade de usufruir por causa de não haver quem pudesse cuidar da criança. Então tu vês que o problema da mulher, além de tudo, é esse.
A gente quer finalizar, mas eu fiz com dinheiro próprio. Estou entrando nesse edital da FAC para ver se conseguimos dinheiro para finalização.
BdF: Como avalias a atual política do audiovisual, a questão da Ancine, e a realidade do setor no atual governo?
Tatiana: Eu tenho um dos projetos que foi aprovado no edital cancelado no dia 21 de agosto de 2019, pelo presidente Bolsonaro, que é de travestis, uma série para TVs públicas de travestis em prisões. Foi tema de um dos episódios do Retratos do Cárcere, mas como era de 26 minutos, não deu para abordar toda a realidade dessa situação. A grande maioria acaba entrando na prisão. E esse é o tema que eu entrei nesse edital, foi o único selecionado nessa área que trataria sobre a questão de sexualidade (travestis e transexuais) e que o nosso presidente vetou o edital em função dessas duas linhas. O edital tinha várias outras linhas, mas ele cancelou o edital inteiro. Da região Sul era o único projeto sobre travestis que tinha sido selecionado e aprovado.
É uma pena porque na verdade é uma realidade que poucos conhecem e que está pulsando aqui. Eu pretendo continuar de qualquer forma mesmo sem dinheiro, assim como eu fiz o Central sem dinheiro, de uma forma absolutamente independente, talvez não fique muito bem finalizado, não tenha dinheiro para uma finalização. Tenho muito material já gravado.
Mas a política do audiovisual no Brasil está à beira da morte. Tudo que conquistou nesses últimos anos, todo o seu crescimento, eu acho que está indo por água abaixo. Está vindo a censura, esse edital é um dos casos bem pontuais.
Sei que no ano passado se lançou 166 filmes longa-metragem, muitas séries foram realizadas, tinha uma cota de filmes nacionais exigida pela Ancine nesses últimos tempos que proporcionou para canais e para o cinema que agora eu acho já não existe mais, que está sendo destruída. Para mim o cinema é a identidade de um povo, cinema, audiovisual, assim como a literatura, é onde tu te vês, onde tu formas a tua própria cultura.
Com certeza vai voltar toda aquela censura de filmes que vivemos na época da ditadura. E sem uma política de cotas de filmes brasileiros exigida pelo próprio Estado, vamos voltar a importar 90% dos filmes americanos, se a gente não tiver uma revanche.
A gente ainda está vivendo um momento de coisas que foram feitas, e que estão repercutindo no mundo, como o caso de Bacurau, como Aquarius já tinha sido, e todos esses filmes principalmente sobre a questão de homossexualismo e de LGBTS. Em Berlim a gente tem colocado uns três, quatro filmes por ano com essa temática, e agora sem apoio e sem incentivo do Estado, até dá para fazer, mas sem finalização, sem apoio.
O Audiovisual virou uma indústria, geradora de empregos. O problema maior, nessa situação, é cancelar as produções. As pessoas vão ter que começar a fazer outras coisas, e daí quando tu perde essa engrenagem, é difícil retomar. Hoje as pessoas saem de um filme e vão fazer outro, vivem disso, e isso está sendo desmontado. A nossa produtora inclusive está conseguindo sobreviver porque ganhou a licitação da TV Assembleia, porque senão ela teria que realmente se desestruturar, e no momento que tu desestrutura tudo, não consegue mais conciliar. É o desmonte de uma indústria.
BdF: Como tu resumirias o sistema carcerário brasileiro, tanto o masculino quanto o feminino?
Tatiana: É um espaço onde se coloca negros, pobres. É como se fosse pegar toda essa pobreza, todas essas pessoas sobrantes do Brasil e colocar em um espaço onde vão ficar invisíveis para a sociedade. Só que as pessoas não se dão conta de que quando eles saem dessa prisão eles estão muito próximos da gente.
Edição: Marcelo Ferreira