Rio Grande do Sul

OPINIÃO

Artigo | Novas façanhas, velhas práticas: cai a máscara de Eduardo Leite

"O tempo dos 'remédios amargos' já passou. Foram testados e não tiveram os resultados alardeados"

Brasil de Fato | Porto Alegre (RS) |
Governador fala em estabelecer PPPs para entregar escolas públicas à gestão privada
Governador fala em estabelecer PPPs para entregar escolas públicas à gestão privada - Foto: CPERS Sindicato

No dia 12 de abril, após Assembleia Geral e caminhada até o Piratini, o CPERS arrancou do governo o compromisso de discutir a pauta de reivindicações aprovada pela categoria: salário em dia, reposição emergencial de 28,78% e a realização de concursos públicos. Ocorreram duas audiências, mas apenas na primeira, no dia 29 de abril, Eduardo Leite esteve presente. A terceira rodada de negociações estava agendada para o dia 27 de maio. O governo desmarcou e interrompeu as tratativas. Não há que se nutrir ilusões. Está desfeita a fachada de diálogo de Eduardo Leite. Por trás da máscara, está a radicalização do projeto de Sartori; desmanche da escola pública, ataque brutal ao funcionalismo, precarização dos serviços e redução do Estado a todo custo.

Ao todo, já amargamos 45 meses sem receber em dia. Vale lembrar que o RS – a quarta maior economia do Brasil – paga o 2º pior salário básico para educadores(as) entre todos os estados da federação. Estamos em situação de miséria, acumulando empréstimos impagáveis, sem dinheiro para ir trabalhar e escolhendo entre comer e pagar as contas. No plano pedagógico, o caos grassa nas escolas. O Rio Grande do Sul se tornou um exemplo de desumanidade ao demitir educadores(as) contratados(as) em meio à licença saúde. A maioria das escolas sofre com a falta de professores(as) e funcionários(as), além de graves problemas estruturais. 

Agora, Leite fala abertamente em estabelecer PPPs para entregar escolas públicas à gestão privada, um prato cheio para grandes empresas abocanharem recursos dos contribuintes, enquanto os verdadeiros problemas da educação são jogados para baixo do tapete. O tempo dos “remédios amargos” já passou. Foram testados e não tiveram os resultados alardeados. Há 20 anos, Britto inaugurou o experimento neoliberal e afundou o estado em dívidas. Da mesma forma, Sartori legou ao Rio Grande do Sul o maior rombo dos últimos 16 anos. 

Em setembro, após meses de denúncias e um árduo processo de mobilização, arrancamos do governo Leite a garantia de não demitir contratados no fim do ano e renovar os contratos por tempo determinado, bem como a previsão de concurso público e mais agilidade no pagamento de quem ingressa na rede. A vitória demonstra que são tempos de coragem. Não há saída possível fora da mobilização coletiva. Seremos, portanto, a mais firme e insubmissa resistência. Não podemos mais esperar. A categoria deve se preparar para um duro enfrentamento em defesa da escola pública e da sua própria existência. Vamos, juntos(as), em cada escola e cada região, mobilizar, organizar e construir as condições para construir uma greve maciça e vitoriosa. Avante, educadores(as)!

* Presidente do CPERS Sindicato

Edição: Marcelo Ferreira