Rio Grande do Sul

O RIO GRANDE NO BALCÃO

Privatizações: O Pré-Sal em terra firme que o governo pode entregar ao vender a CRM

Confira a segunda parte do especial "Privatizações: O Rio Grande no balcão"

Brasil de Fato | Porto Alegre (RS) |
Jazida de Candiota possui 38% de todo o carvão nacional
Jazida de Candiota possui 38% de todo o carvão nacional - Foto: CRM

A 19ª edição impressa do Brasil de Fato abordou o tema das privatizações no Rio Grande do Sul. Depois de sua base no Legislativo barrar o plebiscito e impedir a população de ser ouvida, o governador Eduardo Leite vai levar à leilão CEEE, CRM e Sulgás. Será um bom negócio para o Estado? Confira a segunda parte.

“O carvão mineral está para o Rio Grande do Sul no mesmo patamar de importância energética que o Pré-Sal para o Brasil”. É o que diz o ex-presidente da Companhia Riograndense de Mineração, a CRM, engenheiro Elifas Simas.

Não é exagero. Estão no solo e subsolo gaúcho praticamente 90% das reservas de carvão mineral do país. “Somente a jazida de Candiota possui 38% de todo o carvão nacional”, acentua Simas. O Brasil ocupa o 10º lugar no planeta em reservas e quase todas estão no Rio Grande.

Os números da CRM são todos altíssimos: suas reservas lavráveis em Candiota, no Sul do Estado, alcançam mais de 1,5 bilhão de toneladas. Em Minas do Leão, existem mais 180 milhões e, em Iruí, outros 119 milhões. Na soma, quase 1,8 bilhão.

Jazidas são poupança de R$ 122 bi  

Charge do Hals 

Porém, a exemplo do Brasil sob Bolsonaro, o Rio Grande de Eduardo Leite também pode se desfazer de seu tesouro enterrado. “As concessões de minas são da CRM, ou seja, do Estado”, comenta Simas. No entanto, com a companhia sendo leiloada, “dependendo da modelagem que está sendo estudada pelo BNDES, essas concessões deverão ficar com a empresa que comprar a CRM”.  

Ou seja, quando bater o martelo, o Rio Grande poderá sofrer uma perda brutal. E de quanto seria? O engenheiro relata que, em 2017, uma negociação entre a CRM e sua cliente, a Companhia de Geração Térmica e Energia Elétrica (CGTEE), definiu o preço da tonelada de carvão em R$ 68,00. Por tal medida, o valor das jazidas carboníferas gaúchas alcançaria R$ 122,3 bilhões. O que significa dois orçamentos e meio do Estado...

Futuro seria o gás de carvão     

Simas enfatiza que a participação do carvão na geração de energia mundial continuará alta na próxima década, oscilando em torno dos 40%. Embora o minério seja fonte contestada pela poluição que provoca, aponta sua gaseificação como uma saída aceitável. “É a mais limpa, flexível e confiável maneira de economizar, reduzir a dependência e o uso de combustíveis fósseis e transformar o carvão mineral em energia limpa”, relata. O gás resultante do processo também é usado na produção de combustíveis líquidos, óleos e ureia.

O ex-presidente defende a companhia como “saudável e lucrativa” e preparada para minerar cinco milhões de toneladas/ano “nos padrões mais modernos existentes”. Em 2017, a CRM teve receita líquida de R$ 101 milhões e um déficit de R$ 19,3 milhões. Ele explica que houve queda de faturamento por conta de que seu grande cliente, a CGTEE, passou a comprar menos após o fim das operações da termelétrica Presidente Médici fases A e B. Atualmente a empresa conta com 283 funcionários todos sob o regime de CLT. 


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Edição: Marcelo Ferreira