Apesar da chuva, balões azuis e brancos subiram ao céu, em frente ao edifício-sede do Banrisul, na Praça da Alfândega, no centro de Porto Alegre, enquanto bancários, deputados e dirigentes sindicais festejavam os 91 anos de fundação do banco, o principal esteio de desenvolvimento do Estado.
A comemoração ocorrida ao meio-dia desta quinta-feira (12) – regada a bolo e refrigerante – foi também mais um ato em defesa do Banrisul público e contra as novas tentativas de venda de parte das ações e de privatização do banco.
Banrisul está na mira da privatização
“Este ano o cerco está se fechando”, alertou o presidente do SindBancários, Everton Gimenis. “Agora atacam até a exigência de plebiscito para autorizar a venda do banco e de outras estatais", denunciou ao se referir à Proposta de Emenda Constitucional (PEC), protocolada na terça-feira (10) pelo deputado Sérgio Turra (PP), com o apoio de 24 deputados aliados do governo Eduardo Leite (PSDB), que acaba com a obrigatoriedade da consulta à população para privatizar o Banrisul, a Corsan e a Procergs. “Essas três empresas estão na mira da privatização”, disse.
O dirigente sindical lembrou que, durante a campanha eleitoral, Leite chegou a se manifestar favoravelmente ao plebiscito sobre a venda da CEEE e prometeu que não iria privatizar o Banrisul e a Corsan. Segundo ele, isso era só para enganar gaúchos e gaúchas, diante de uma pesquisa de opinião que mostrava que 76% da população era favorável à manutenção do Banrisul público.
No governo, Leite mudou radicalmente de posição, pois enviou uma PEC que acaba com plebiscito para privatizar a CEEE, CRM e Sulgás, que já foi aprovada pela maioria dos deputados, assim como foram aprovados projetos autorizando a venda de cada uma dessas empresas. "Tem uma campanha orquestrada para justificar a privatização do banco”, disse Gimenis. “Temos que lotar a Fetrafi-RS, no próximo sábado (14/09), no Encontro Nacional dos Banrisulenses para organizar uma grande luta em defesa do Banrisul”, conclamou.
Discurso moderninho, mas a mesma receita
O presidente da CUT-RS, Claudir Nespolo, após parabenizar os bancários, criticou a nova diretoria do Banrisul, “que sequer retirou a enorme placa dos 90 anos na fachada da Agência Central”. Ele relembrou que o banco é lucrativo e "põe quase R$ 500 milhões por ano no caixa único do Estado", só não coloca mais porque os governos Yeda, Sartori e Leite venderam parte das ações, prejudicando o Estado e o povo gaúcho.
“Agora, vemos que o Leite se esconde atrás de um discurso moderninho, mas aplica a mesma receita de entregar os ativos do Estado. Ele que faça isso em sua casa, com seus bens, mas não com o patrimônio público”, desabafou. Nespolo chamou os bancários para o Dia Nacional de Paralisações e Manifestações em Defesa do Meio Ambiente, Direitos, Educação, Empregos e contra a Reforma da Previdência, convocado pelas centrais sindicais para o próximo dia 24. “Todos nas ruas contra a destruição do Brasil”, salientou.
Manifestações
A deputada estadual Sofia Cavedon (PT) saudou também os recém-comemorados 40 anos da “Greve Proibida” dos bancários, em plena ditadura militar, em 1979, que durou 15 dias e teve vários líderes presos. “Aquela greve construiu uma página decisiva para a redemocratização do Brasil”, afirmou. Sobre os projetos de fragilização e venda do Banrisul, ela considera que é uma grande traição do governador e de seus apoiadores. “Leite está traindo a população. A defesa do Banrisul não é só dos bancários. Todo o povo gaúcho precisa se levantar contra isso”. Tirem as mãos especulativas do Banrisul”, bradou para o aplauso dos presentes.
Já para o coordenador da Frente Parlamentar em Defesa do Banrisul Público, deputado estadual Zé Nunes (PT), a manutenção do Banrisul público é fundamental para o Estado ter um projeto de desenvolvimento independente. “Este governo não tem palavra, e o partido dele tem em seu DNA o germe da entrega do patrimônio público. A administração de Eduardo Leite corre o risco de ser o governo mais retrógrado da história do Rio Grande”, frisou.
Também funcionária do Banrisul, a diretora da Fetrafi-RS, Denise Falkenberg Corrêa, disse que o dia seria de comemoração, mas infelizmente o Banrisul vem sofrendo ataques. Ela comentou a postura do governador: “É um tucano que não renega o ninho de onde veio. Tem um discurso bonito para uma prática retrógrada. O Rio Grande hoje já é um estado mínimo".
Encontro Nacional dos Banrisulenses
Neste sábado (14), a partir das 9h30, acontece o Encontro Nacional dos Banrisulenses, no auditório da Fetrafi-RS (Rua Fernando Machado, 820), no Centro Histórico de Porto Alegre. A luta em defesa do Banrisul público estará no centro dos debates.
* Com informações da CUT-RS com SindBancários e Fetrafi-RS
Edição: Marcelo Ferreira