O arrocho de Trump no bloqueio a Cuba e o desmonte do programa Mais Médicos, substituídos pelo Médicos para o Brasil, além da excelência da saúde em Cuba foram os assuntos principais tratados no evento comemorativo dos 60 Anos da Revolução Cubana, no ultimo dia 2, no anfiteatro Álvaro Leal da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. O ato, coordenado pela presidente da Associação Cultural José Marti (ACJM) Marajuara Azambuja, foi constituído por três palestras, “a Revolução Cubana, as transformações atuais e o bloqueio estado-unidense”, proferida apelo embaixador Pedro Monzón, Consul Geral de Cuba no Brasil foi a primeira.
O Dr João Marcelo Goulart, médico formado pela ELAM-Cuba e coordenador do Programa Mais Médicos no Estado do Amazonas, falou sobre “a Excelência da Saúde em Cuba, sua ação internacional e o Programa Mais Médicos” e o doutor Alcides de Miranda professor da UFRGS falou sobre a “desconstrução do programa Mais Médicos no Brasil”.
O evento foi uma promoção da Associação Cultural José Marti, em conjunto com a Fundação Maurício Grabois (PCdoB), Fundação Perseu Abramo (PT), Fundação João Mangabeira (PSB), Fundação Lauro Campos (PSOL), Fundação Dinarco Reis (PCB), Instituto Novos Paradigmas, Unidade Popular Sindical (UCB), CEBRAPAZ, ADUFRGS, ASSUFRGS, UNE, UBES, UEE, CONAM, Sociedade Economia e Sindicato dos Economistas do RS.
Monzon iniciou sua fala contando a história da ilha caribenha anterior a Revolução de 1959. Lembrou que se tratava de um “paraíso da Máfia norte-americana com cassinos e profusão e onde campeavam, além dos jogos de azar, a drogadição, a prostituição, o analfabetismo e a miséria da maior parte da população.
Disse ainda que os revolucionários fizeram reformas radicais que desagradaram as elites, como duas reformas agrarias, a alfabetização de todo o povo cubano em menos de um ano e, em pouco empo om país tornou-se excelência mundial em ciências médicas. Segundo ele, atualmente, apesar do bloqueio econômico constante desde janeiro de 1959, imposto pelos Estados Unidos A Ilha possui índices de saúde e educação entre os melhores do planeta e um IDH elevado.
Explicou que durante o governo de Barack Obama, convencidos do fracasso do bloqueio, os norte-americanos iniciaram uma politica de abertura em relação ao país, pois a anterior política teve ampla resistência do povo cubano que “mesmo sofrendo privações enormes depois do fim da União Soviética, conseguiu manter sua cabeça erguida”. No entanto, com a eleição de Ronald Trump a situação mudou e o novo governo dos EUA criou a politica de bloqueio mais agressiva que se tem noticia na história. Segundo ele, a mesma agressão está sendo feita contra o povo da Venezuela. Porém reafirmou a vontade de resistência dos cubanos que não se renderão facilmente.
Excelência em Saúde
João Marcelo Goulart, falou em seguida e lembrou de usa formação médica na Escola Latino Americana de Medicina (ELAM) criada por Fidel Castro e contou como, com poucos recursos Cuba conseguiu reduzir a mortalidade infantil de um índice superior a 30/1000 para o atual , que não passa de 4,5 mortes por mil nascidos no primeiro ano além de ter elevado a média de vida da população para níveis superiores aos 70 anos.
Segundo ele, atualmente o país tem um centro de atenção básica em saúde para cada 1500 pessoas. Os estudantes passam a maior parte do tempo de sua formação nestes locais, e somente no final do curso vão para hospitais. Durante os dois primeiros anos de formação estudam além da parte médico biológica, filosofia e história e apreendem a tratar a saúde como um direito humano e não como uma mercadoria.
Lembrou ainda que Cuba é o país que mais ajuda médica dá a países em momentos de crise humanitária e coloca seus profissionais para atender onde outros não se dispõem a trabalhar. “O Programa Mais Médicos no Brasil foi um exemplo disso “afirmou.
Desmonte do Mais Médicos
O professor Alcides Miranda, por sua vez falou sobre a desconstrução do programa Mais Médicos no Brasil e deu a entender que faz parte da estratégia global dos norte-americanos que utilizam o presidente Bolsonaro para implementa-la no Brasil. Mostrou dados de um trabalho seu apresentado na Conferência Estadual de Saúde, em agosto deste ano com a evidente melhora dos índices de saúde em localidades pobres e interiorizadas onde funcionou o programa . Explicou que usou dados oficiais do IBGE que estavam disponibilizados até novembro do ano passado.
“Significativamente estes dados desapareceram, não foram mais publicados inviabilizando as pesquisas cientificas em saúde social”, afirmou. Disse ainda que nas faculdades de medicina brasileira o sistema de formação prepara profissionais para a “indústria da doença” atendendo as diretrizes das corporações médicas e da indústria farmacêutica.
Cerca de 200 pessoas participaram do evento que teve muitas presenças significativas. Entre elas: o Ex-deputado estadual Juliano Roso, Presidente do PCdoB-RS, Ex-deputada estadual Jussara Cony, Vice-Presidenta Nacional do CEBRAPAZ; Ex-deputado estadual Raul Carrion, Presidente da FMG-RS; Vicente Selistre, ex-deputado federal, Vice-Presidente Nacional da CTB; Eder Pereira, Diretor da CGTB; Mark Kuschick, Presidente da SOCECON e do SINDECON; Giovani Culau, Presidente da UJS-RS; Vitória Cabreira, Presidenta da UMESPA; Thais Alves Jorge e Neide Teles, UEE-RS; Ruben Fonseca, UGES; Neiva Lazzarotto, Diretora da Intersindical; Gabriel Focking e Márcia Tavares, Diretores da ASSUFRGS; Felipe Milanezi, Dirigente da Unidade Comunista Brasileira; Eduardo Mancuso, Dirigente do PT-RS; Daniel Sebastiani, Presidente da ABRAVIET-RS; Ricardo Haesbaert, assessor do deputado Valdeci Oliveira; Lauro Duvoisin, FRONT; Salvatore Santagada, Sindicato dos Sociólogos; Irene Prazeres, Diretora do Sindifars; Santa Irene Lopes, Federação de Mulheres do Mercosul; Fabrício Loguercio, Diretor do SINTRAJUFE; Valentinne Serpa, Levante da Juventude; Carlos Diezenthaier, Sindicato dos Petroleiros RS; Rita Buttes, Diretora do SIMPA; Thais Alves Jorge, Vice-Presidenta da UGES
Edição: Marcelo Ferreira