Milhares de estudantes, secundaristas em sua grande maioria, com apoio de professores e servidores públicos, saíram às ruas do centro de Porto Alegre, na manhã desta sexta-feira (30), em um protesto contra os cortes na educação resultantes de políticas dos governos de Jair Bolsonaro (PSL), Eduardo Leite (PSDB) e Nelson Marchezan Júnior (PSDB). O alinhamento entre os governos federal, estadual e municipal se traduziu nas palavras de ordem entoadas pelos estudantes desde o início da manifestação, em frente ao Colégio Estadual Júlio de Castilhos. “Quero estudar pra ser inteligente, porque de burro já basta o presidente”, “Ô Eduardo, mãos de tesoura, cadê o salário da minha professora?” e “O meio passe é meu direito, se mexer nele derrubamos o prefeito” foram algumas delas, cantadas em todo o trajeto da caminhada que saiu do Julinho, passou pela Prefeitura e terminou em frente à Secretaria Estadual de Educação.
O ato, que iniciou por volta das 9 horas, foi promovido pela União Metropolitana dos Estudantes Secundários de Porto Alegre (Umespa), União Gaúcha dos Estudantes Secundaristas (UGES), União Estadual dos Estudantes (UEE), União Brasileira de Estudantes Secundaristas (Ubes) e Movimento Unificados dos Servidores Públicos (MUS). Essas entidades construíram uma pauta unificada que incluiu, entre outros pontos, a defesa da manutenção do meio passe estudantil em Porto Alegre, contra o atraso e parcelamento dos salários dos professores estaduais e servidores públicos, contra a reforma da previdência, os cortes no orçamento e os ataques à autonomia das universidades públicas promovidos pelo governo de Jair Bolsonaro.
Carregando faixas, bandeiras, cartazes e acompanhados por um carro de som, os estudantes saíram do Colégio Júlio de Castilhos e pegaram a avenida João Pessoa em direção ao Centro, passando pelo túnel da Conceição, avenida Mauá e chegando até ao prédio da Prefeitura. Ao lado do Paço Municipal, os estudantes fizeram uma rápida parada para criticar a política educacional do governo Marchezan e a proposta de acabar com o meio passe estudantil. Eles definiram o atual prefeito de Porto Alegre como “inimigo da educação” e prometeram derrotar as suas políticas. Em todo o trajeto, os estudantes foram acompanhados por agentes da EPTC (Empresa Pública de Transporte e Circulação) e por viaturas da Brigada Militar, mas não foi registrado nenhum incidente.
“A gente veio para as ruas hoje para fazer uma manifestação geral em defesa da educação, contra os cortes de gastos que vêm sendo feitos pelo governo Bolsonaro e contra a ameaça do governo Marchezan, aqui em Porto Alegre, contra o meio passe estudantil que é um direito dos estudantes da cidade”, disse Gerusa Pena, presidente da União Estadual de Estudantes. A dirigente da UEE-RS destacou ainda que o governo Bolsonaro vem se colocando contra os estudantes no Brasil todo e intervindo nas universidades. “Nesta quinta, ele praticou mais um absurdo e nomeou um interventor da Universidade Federal da Fronteira Sul. Ficamos sabendo agora”, assinalou Gerusa Pena. O decreto assinado por Jair Bolsonaro e pelo ministro da Educação, Abraham Weintraub, nomeou Marcelo Recktenvald reitor da Universidade Federal da Fronteira a partir do dia 31 de agosto, com um mandato de quatro anos.
Ryan Arriera, representante da Ubes no Rio Grande do Sul, afirmou que os estudantes intensificarão a mobilização em Porto Alegre para barrar a proposta do governo Marchezan de acabar com o meio passe estudantil. “Estamos na rua hoje protestando contra esses desgovernos federal, estadual e municipal que estão atingindo nossos direitos, parcelando e atrasando os salários de professores e servidores e cortando recursos da educação”, resumiu Arriera.
Edição: Sul 21