Trabalhadores e trabalhadoras do Rio Grande do Sul estão de olho na tramitação da reforma da Previdência na Câmara dos Deputados. Prova disso foi o ato realizado no final da tarde desta segunda-feira (5), no saguão de embarque do Aeroporto Internacional Salgado Filho, em Porto Alegre, na véspera do início da votação em segundo turno no plenário, que poderá suprimir as maldades aprovadas no primeiro turno.
Participaram dirigentes da CUT, CTB, CGTB e CSP-Conlutas e diretores de vários sindicatos e federações, representando diversas categorias, como professores, metalúrgicos, bancários, servidores públicos, municipários, telefônicos, trabalhadores da saúde e de fundações, dentre outros.
Esquentando o dia nacional de luta
Houve distribuição de panfletos para passageiros, assessores de deputados e funcionários de empresas aéreas. Infelizmente, nenhum dos 22 deputados gaúchos, que votaram a favor da proposta do governo Bolsonaro no primeiro turno, apareceu na hora do embarque.
Além de mostrar a cara, o nome e o partido de cada parlamentar que traiu a classe trabalhadora, o material destaca os principais retrocessos dessa “reforma” e convoca o dia nacional de luta, que será realizado na próxima terça-feira, 13 de agosto, contra a reforma da Previdência, em defesa da educação pública e por empregos.
Em Porto Alegre haverá uma concentração, às 16h, em frente ao Palácio Piratini, seguida de um ato, às 18h, na Esquina Democrática, e de uma caminhada até a Faculdade de Educação (Faced) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Clique aqui para ler o panfleto.
Governo quer fazer economia com dinheiro dos mais pobres
“É preciso que a população saiba o posicionamento dos deputados e senadores numa hora tão derradeira na vida do trabalhador e do futuro da aposentadoria e dos municípios”, afirmou o secretário-geral adjunto da CUT-RS, Amarildo Cenci. “Esse projeto que está sendo votado acaba literalmente com a aposentadoria porque as pessoas não terão tempo de contribuição e idade suficiente para poder se aposentar”.
“A intenção da proposta do governo é não permitir que as pessoas se aposentem, fazendo uma economia com o dinheiro dos mais pobres, ao invés de discutir uma tributação para os ricos e a dívida pública que cresce, e cobrar os sonegadores e os devedores que devem R$ 1 trilhão para a Previdência. “Estão tirando dinheiro das pessoas que mais precisam. É um crime contra a população brasileira, especialmente os mais pobres”, destacou.
Amarildo criticou "os ladrões de direitos" e frisou que o presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), e o Centrão, após o acordo com Bolsonaro para a liberação de emendas parlamentares, querem agilizar e aprovar a reforma a toque de caixa no segundo turno na Câmara e abrir o processo de tramitação no Senado. “Nós vamos fiscalizar, comunicar e denunciar esses traidores de direitos. Não disseram que votariam contra os direitos do povo”.
Não se pode abrir mão de direitos
Para a secretária da Mulher Trabalhadora da CUT-RS, Isis Marques, “a reforma da Previdência é uma perversidade”. Ela salientou que “o povo está acordando e vendo que se pode abrir mão de direitos que garantem o nosso futuro”.
“Tanto os jovens como os aposentados serão afetados por essa reforma”, alertou Isis. ”Nós, enquanto povo, temos que nos unir. O que está em jogo é a retirada de direitos e o futuro da nação.”
A secretária de Formação da CUT-RS, Maria Helena de Oliveira, destacou que “essa reforma é uma desgraça”, na medida em que retira aumenta o tempo de contribuição e ainda reduz o cálculo de benefícios e pensões.
“Esperamos que os deputados, que votaram contra os trabalhadores e as trabalhadoras no primeiro turno, repensem e alterem o seu voto no segundo turno. Sabemos que é difícil, mas vale a pena lutar e eles terão que responder para as suas bases na próxima eleição”, avisou Maria Helena.
Deputados que votaram a favor da reforma trabalhista não se reelegeram
O diretor do Semapi-RS e presidente da Fetracs, Edegar Costa Sperrhake, enfatizou que, “assim como terminaram com direitos trabalhistas, querem acabar com a Previdência. Temos esperança de alguns deles reflitam sobre o que estão fazendo com essa geração e as gerações futuras e mudem o seu voto”. Ele lembrou que muitos deputados que votaram a favor da reforma trabalhista não se reelegeram.
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Porto Alegre, João Massena, destacou que um dos retrocessos dessa reforma, que ataca duramente a categoria, é o fim do direito à aposentadoria especial para trabalhadores em funções insalubres. Ele salientou, porém, que nada está decidido. “Temos que evitar que esse mal se concretize”.
O diretor do Sindicato dos Bancários do Vale do Paranhana, Luiz André Souza, destacou que, “além de defender a Previdência, é preciso lutar também contra a destruição do patrimônio público. Se não cuidarmos, irão entregar nossas empresas públicas de mão beijada”, ressaltou.
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Edição: CUT-RS