Nesta terça-feira, dia 30/07, o Movimento de Atingidos por Barragens o Rio Grande do Sul (MAB/RS) promoveu, na sede do Sindicato dos Bancários de Santa Rosa, um encontro com mulheres ameaçadas pela construção do Complexo Hidrelétrico Binacional Garabi-Panambi, na região noroeste do Estado.
O encontro faz parte do projeto “Mulheres Defensoras dos Direitos Humanos Bordando a Resistência”, desenvolvido pelo MAB em conjunto com a Associação de Proteção à Vida (APROVI) e com o apoio da Fundação Luterana de Diaconia (FLD). A atividade reuniu mulheres de Porto Mauá, Alecrim, Novo Machado e Porto Lucena.
Durante a manhã, as presentes debateram sobre as violações de direitos na vida das mulheres em decorrência das barragens. Pela parte da tarde, foi feita a exibição o documentário “Arpilleras: Atingidas por Barragens Bordando a Resistência”, seguido de debate relacionado à vida das mulheres atingidas pela construção e operação de barragens no Brasil, além do contexto das ameaçadas por esses empreendimentos, como é o caso das mulheres participantes do projeto.
As presentes também discutiram a respeito da técnica de bordado das Arpilleras, que se constitui como instrumento de denúncia e luta das mulheres através da arte. Na sequência, encaminhou-se a realização das oficinas municipais de produção de Arpilleras com os temas de Garabi e Panambi para os meses de agosto e setembro.
A população da região de fronteira entre Brasil e Argentina encontra-se apreensiva com a retomada das tratativas entre os dois países para a construção do Complexo Hidrelétrico Binacional Garabi-Panambi. As mulheres já consideram que têm seus direitos violados em decorrência da retomada das tratativas para construção das hidrelétricas, principalmente quanto ao direito de acesso à informação, que é negado para todo o conjunto de ameaçados e ameaçadas, não podendo participar das discussões e planejamentos acerca do projeto.
Sobre o Complexo Hidrelétrico Binacional Garabi-Panambi
Os estudos de viabilidade apontam para uma área alagada superior a 70 mil hectares, maior que o reservatório da UHE Belo Monte (PA). Cerca de 12,6 mil pessoas serão atingidas pelo Complexo, de 19 municípios brasileiros, além das províncias de Missiones e Corrientes, na Argentina. No plano ambiental, estima-se a perca de 10% da floresta do Parque Estadual do Turvo (1.750 ha), além da possível inundação do Salto do Yucumã – uma das Sete Maravilhas do RS e maior salto longitudinal do mundo.
Mulheres, água e energia não são mercadorias!
* Grasiele Berticelli é do Movimento dos Atingidos por Barragens no Rio Grande do Sul (MAB-RS)
Edição: Marcelo Ferreira