Rio Grande do Sul

DEBATE

Em Porto Alegre, mulheres negras da Lomba do Pinheiro contam suas histórias

Empoderamento, resistência foram tema de bate papo por ocasião do Dia Nacional de Teresa de Benguela

Brasil de Fato | Porto Alegre (RS) |
Com casa cheia, encontro  também contou com atrações artísticas
Com casa cheia, encontro também contou com atrações artísticas - Fotos: Divulgação

Em Porto Alegre, no Dia Internacional da Mulher Negra, Latina Americana e Caribenha e Dia Nacional de Teresa de Benguela, quarto mulheres negras da Lomba do Pinheiro desceram o morro para compartilhar suas histórias de empoderamento e resistência, em um bate-papo realizado nesta quinta-feira (25), no Porto Carioca Bar, na Cidade Baixa. O evento, que teve casa cheia e também contou com atrações artísticas, buscou promover uma relação corporal de reencontro entre as pessoas e histórias dos diferentes espaços da cidade.

As quatro mulheres da Lomba do Pinheiro são: Veridiana, idealizadora do Espaço Cultural Terreiro de São Jorge - Resistência Popular, membro dos Blocos da Diversidade e Eu Não Ando Só e ativista nas redes de proteção de crianças e adolescentes; Thays Daguerre, bombeira, formada em psicologia e ativista LGBT+; Eloá Kta Coelho, cientista social, especialista em Direitos Humanos e Juventude, estudante de Saúde Coletiva da UFRGS, articulista do site Geledés Instituto da Mulher Negra e professora do cursinho pré-vestibular KiLomba, da Lomba do Pinheiro; e Angela Silva, cantora das noites porto-alegrenses desde 1980. Também participou da conversa a dona do bar, Joyce Gama.

Encontro foi realizado na Cidade Baixa, zona central da capital gaúcha 

Conhecidas como mulheres empoderadas por terem transcendido as mazelas do racismo, discriminação racial e preconceito racial, bem como estupro e violência doméstica, essas guerreiras não sucumbiram às relações de opressão sobrepostas, comenta Eloá. “Também não ficaram invisíveis e nem silenciadas. Pelo contrário, seguem dando seu recado e contaram a sua história, amparadas pela sororidade, transformando a dor em seu canto. Como Teresa de Benguela, que em 1730 criou o quilombo na forma de parlamento, com sua capacidade descomunal mental e espiritual, tendo habilidades militares pra salvaguardar seu povo, essas mulheres lutam por melhores condições de vida para os moradores de Porto Alegre e, em especial, da Zona Leste”, afirma.

Para Eloá, a cidade pertence a todos e quem é do morro não tem que ficar confinado na periferia. “Quando a gente tem uma relação corpo e cidade, a gente sabe onde a gente vive, onde a gente ama. Nesse sentido, quanto mais relação tivermos, quanto mais andarmos, mais vamos saber como a cidade vive, ama e se desenvolve. Temos que criar pertencimento para ter segurança. Falamos sobre isso e transpusemos esses preconceitos”, disse.

Contando sobre o evento, Eloá fez questão de citar grandes apoiadores, lembrando que a luta é coletiva, antirracista e feminista. Marcus Vinícius Pires, negro e militante LGBT, integrante dos coletivos Bloco da Diversidade e Parada Livre de Porto Alegre, fez a mediação; Guilherme Kern Assumpção, advogado em direitos humanos e ambiental, ativista LGBTQI e membro da Rede Nacional de Adolescentes e Jovens Vivendo com HIV e Aids fez as fotos; e Wagner Canarro, musicista negro que foi da Banda Saldanha, participou do momento artístico, tocando junto com com a cantora Angela Silva.

Edição: Marcelo Ferriera