Novos sinais no ar animam quem espera do Supremo Tribunal Federal alguma atitude para retomar seu papel de guardião da Constituição, sem o qual não existe motivo para que exista.
Primeiro, foi a ação desmitificadora de The Intercept Brasil, expondo os intestinos da República de Curitiba através da avalanche de diálogos comprometedores. Ali ficou escancarada a guerra judicial praticada pelo juiz e seus procuradores contra o ex-presidente Lula. Caso o Supremo pretenda se esquivar dos esguichos da mesma lama, algo terá que fazer.
Depois, vieram as intervenções do ex-presidente do STF, Nélson Jobim, e do ministro Luiz Edson Fachin. Para Jobim, a corte maior foi “leniente” e “tolerou os exageros, os abusos que foram cometidos (pela Lava Jato) e agora estão ficando muito claros com essa história do Intercept”. Acha que Lula é inocente e que Sérgio Moro teve “conduta inadequada para um juiz”.
Saudado com o “Aha Uhu, o Fachin é nosso”, na galhofa do procurador Deltan Dallagnol, o ministro resolveu dar um giro de 180 graus na retórica. Sem citar Moro, criticou a “justiça seletiva” e avisou que “juízes cometem ilícitos e devem ser punidos”. E nem podem fazer do ofício “uma agenda pessoal ou ideológica”.
Nada disso absolve Fachin. E muito menos o STF. Em 2016, como aconteceu em 1964, o Supremo convalidou o golpe. E, vitoriosos os dois golpes, juntou-se a eles como se fossem a mesma coisa e com o mesmo propósito. Será preciso aguardar para saber se ainda guarda algum orgulho próprio e compromisso com a sua função. Ou se entregará mais do mesmo. Estão abertas as apostas.
Edição: Marcelo Ferreira