Rio Grande do Sul

OPINIÃO

Editorial | Um teste para o Supremo

"Será preciso aguardar para saber se ainda guarda algum orgulho próprio e compromisso com a sua função"

Brasil de Fato | Porto Alegre (RS) |
"Novos sinais no ar animam quem espera do Supremo Tribunal Federal alguma atitude para retomar seu papel de guardião da Constituição"
"Novos sinais no ar animam quem espera do Supremo Tribunal Federal alguma atitude para retomar seu papel de guardião da Constituição" - Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Novos sinais no ar animam quem espera do Supremo Tribunal Federal alguma atitude para retomar seu papel de guardião da Constituição, sem o qual não existe motivo para que exista.  

Primeiro, foi a ação desmitificadora de The Intercept Brasil, expondo os intestinos da República de Curitiba através da avalanche de diálogos comprometedores. Ali ficou escancarada a guerra judicial praticada pelo juiz e seus procuradores contra o ex-presidente Lula. Caso o Supremo pretenda se esquivar dos esguichos da mesma lama, algo terá que fazer.

Depois, vieram as intervenções do ex-presidente do STF, Nélson Jobim, e do ministro Luiz Edson Fachin. Para Jobim, a corte maior foi “leniente” e “tolerou os exageros, os abusos que foram cometidos (pela Lava Jato) e agora estão ficando muito claros com essa história do Intercept”. Acha que Lula é inocente e que Sérgio Moro teve “conduta inadequada para um juiz”.       

Saudado com o “Aha Uhu, o Fachin é nosso”, na galhofa do procurador Deltan Dallagnol, o ministro resolveu dar um giro de 180 graus na retórica. Sem citar Moro, criticou a “justiça seletiva” e avisou que “juízes cometem ilícitos e devem ser punidos”. E nem podem fazer do ofício “uma agenda pessoal ou ideológica”.

Nada disso absolve Fachin. E muito menos o STF. Em 2016, como aconteceu em 1964, o Supremo convalidou o golpe. E, vitoriosos os dois golpes, juntou-se a eles como se fossem a mesma coisa e com o mesmo propósito. Será preciso aguardar para saber se ainda guarda algum orgulho próprio e compromisso com a sua função. Ou se entregará mais do mesmo. Estão abertas as apostas.
 

Edição: Marcelo Ferreira