O município de Nova Santa Rita possui quatro assentamentos do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), responsáveis por parte da produção de arroz orgânico que o movimento produz no Rio Grande do Sul. Lá, segundo a prefeita Margarete Simon Ferretti (PT), os frutos da Reforma Agrária mostram que as reportagens exibidas no último domingo (23) no Fantástico, com produção da RBS-TV, não representam o trabalho realizado pelo MST.
Em entrevista à Rede Soberania, Ferretti disse que não se pode “deixar que reportagens como essa venham prejudicar todo um trabalho sério, de amor à terra, de respeito às pessoas e de alimentação saudável”. Ela, que conta que 80% da merenda escolar de Nova Santa Rita é orgânica e provinda do trabalho do MST, diz ser testemunha da melhoria da economia com os produtos da Reforma Agrária sendo vendidos na cidade, “graças ao esforço dessas famílias que vieram para uma terra ociosa, que se constituíram e trabalharam”.
A prefeita ressaltou a importância da produção do arroz livre de venenos. “Hoje se você for em mercados padrão, lá tu vais encontrar o arroz produzido aqui em Nova Santa Rita. É um arroz que já é exportado, é internacional, todo mundo procurando os tipos de arroz orgânico que são produzidos aqui”, disse. “Além do arroz, produzimos carne, hortaliças, legumes, beterraba, cenoura, brócoli, rabanete, couve, alface. Está aumentando muito essa procura”, completa, sobre o crescente interesse dos consumidores por alimentos saudáveis.
A ameaça da Mina Guaíba
Ferretti também se manifestou sobre o projeto Mina Guaíba, no qual a empresa Copelmi pretende construir a maior mina de carvão a céu aberto do Brasil, há centenas de metros do Delta do Rio Jacuí. Nova Santa Rita fica na região metropolitana de Porto Alegre e será um dos municípios atingidos pelos impactos ambientais denunciados por estudiosos e ativistas, caso o empreendimento saia do papel.
“Nós priorizamos a vida, o plantio responsável, a produção de alimentos orgânicos e soberania alimentar. E agora, o que eles estão priorizando? A extração de minérios. É isso que o povo precisa? Nós não precisamos disso, temos que cuidar e preservar nossa água. Já temos nossos rios poluídos e fazemos um trabalho enorme para recuperá-los. É muito mais caro solucionar depois do que preserva agora”.
A prefeita se mostrou preocupada com as famílias de assentados da Reforma Agrária que produzem alimentos saudáveis e serão removidas para a construção da mina. “Temos que sensibilizar o governador. Existe outra maneira de ganhar dinheiro, não precisa mais ser isso. Aqui em Eldorado, produzindo arroz, o que vamos fazer? Tirar toda essa turma dali?”
A prefeita falou ainda sobre a perseguição ao ex-presidente Lula. Assista à transmissão feita pela Rede Soberania:
Edição: Marcelo Ferreira