"O que mais ele pode fazer?”
A pergunta acima é de Glenn Greenwald. “Ele”, na frase é o ex-juiz Sérgio Moro. A resposta, parece, é “nada”. A não ser que o hoje ministro resolva usar a força bruta contra quem, toda semana, põe a nu mais um pedaço da sua indecorosa nudez. O que não evitará que a lama do submundo da Lava-Jato continue escorrendo dia após dia. “Moro mentiu e sabe que temos as provas”, diz o jornalista de The Intercept Brasil. Está explicado.
Moro está condenado a ser supliciado como supliciou centenas de pessoas, aí incluídos inocentes, culpados, suspeitos, acusados, condenados e suas famílias. É o peixe fisgado que se debate no anzol. Que o pescador puxa, sujeita e concede linha. Para novamente puxá-lo. Incansavelmente.
Sendo verdadeiras, como aparentam ser, as trocas de mensagens com procuradores da República no Telegram, Moro construiu uma farsa. Sob as luzes, posava de paladino da justiça. Nas sombras, trabalhava para sabotá-la. A Lava-Jato custou a devastação da indústria nacional, a explosão do desemprego, a criminalização da política, o colapso da soberania e a ascensão do neofascismo. Tudo com a complacência das cortes superiores e a cumplicidade da mídia corporativa.
Moro aliou-se a uma das partes, a acusação, contra a defesa. Como um árbitro que, numa partida de futebol, discutisse táticas, jogadas e a escalação de jogadores com o técnico de uma das equipes visando prejudicar o adversário. E sempre posando de imparcial. Nos estádios, isto se chama “roubo”. E todas as torcidas sabem muito bem – e gritam – o nome de quem age assim. E ele – como Moro – nada pode fazer.
Edição: Marcelo Ferreira