O mito é criado por máquinas de propaganda.
O símbolo é construído lentamente em processos sociais e relações humanas.
O mito tem a força das aparências e da exposição permanente.
O símbolo tem sua força nas profundezas e no silêncio.
O mito tem pouca substância.
O símbolo tem enormes cargas de vitalidade e energia psíquica, fruto de densa comunhão com esperanças de milhões.
Os mitos são produto de mercado.
Os símbolos são criação da alma do povo.
Os mitos vêm e vão ao sabor dos ventos e dos momentos.
Os símbolos são como árvores de raízes profundas que, mesmo nos furacões, vergam, mas não tombam.
Mitos criam expectativas, apaixonam, catalisam. Quando as expectativas frustram, desmoronam rapidamente.
Símbolos se firmam aos poucos, nadando contra a correnteza, testados nas provações e geram esperanças, engajamento e adesão consciente.
Mitos, em grandes crises, esboroam.
Símbolos, em grandes crises, sofrem solavancos, mas crescem.
O mito mostra ao público o que não é de verdade. Quando apanhado na mentira, cai irremediavelmente.
O símbolo só o é e só se constitui, se for o que aparenta ser. E é na provação dura que comprova a coerência entre a essência e a aparência.
Mitos alimentam fantasias.
Símbolos alimentam utopias e esperanças.
Mitos projetam indivíduos.
Símbolos representam coletividades.
Símbolos e mitos são feitos de gente, com qualidades e defeitos, fragilidades e virtudes. Em ambos tende-se a ocultar deficiências e enaltecer virtudes. Expostos às próprias fragilidades, mitos desabam e símbolos humanizam.
Jair, Moro, Neymar…… Mitos.
Luís Inácio, Stédile…… Símbolos.
* Sérgio Antônio Görgen ofm é frei franciscano, autor de “Trincheiras da Resistência Camponesa”
Edição: Rede Soberania