A transformação profunda é algo que apenas a mídia alternativa pode fazer
Em meio a tantos desafios que os tempos atuais exigem de nós, trabalhadores, um dos mais urgentes é reestabelecer o caminho do diálogo. É apenas com diálogo desarmado e fraterno que podemos compreender e superar nossas diferenças – sem esquecer que elas também são importantes para formar o que somos – e partir de nossas experiências comuns para construir um país mais democrático e com mais direitos. Para derrotar os tempos de trevas em que estamos nos afundando, o diálogo é um passo necessário, e a mídia alternativa deve colocar-se como objetivo apresentar-se como um instrumento para isso. É aí que reside a importância histórica da criação dos espaços locais no portal do Brasil de Fato: o caminho ao diálogo pode ser melhor pavimentado se tiver como estratégia o retorno ao local, onde estão as experiências concretas da vida das pessoas.
Se a crise econômica é global, se a crise política é nacional, os reflexos desses processos são sempre locais. É nas cidades e nos estados que as pessoas vivenciam concretamente o desemprego, o subemprego, a precarização, o desmonte das políticas públicas de saúde e educação. É nas cidades e nos estados que as pessoas convivem com o ódio entre iguais, com a ignorância, com a intolerância. É em suas casas, nos locais de trabalho e nas ruas que a violência contra as mulheres e contra LGBTs, que o racismo e que o preconceito de classe conseguem se expressar. É, enfim, no local que a vida concreta existe. Os sintomas das crises globais ou nacionais estão no cotidiano das cidades e dos estados. Discutir, contar e compreender esses sintomas sem perder de vista sua inserção ampla é um desafio duro, mas potente: conectar as discussões nacionais com o que cada um experiencia e, ao mesmo tempo, conectar o que cada um experiencia com o contexto nacional, global e de classe, são ações indispensáveis para transformar essas experiências e para transformar o mundo.
Os grandes meios de comunicação dos ricos, voltados dia a dia para defender os próprios interesses, não vão colaborar nesse processo, que poderia levar a uma perigosíssima – para os donos do poder – conexão entre os trabalhadores. Podem fazer oposição aqui e ali a alguma medida governamental, criticar um ou outro sintoma, mas olhar e contar a totalidade a partir do específico – e vice-versa –, apontando para a transformação profunda, é algo que apenas a mídia alternativa pode fazer. Isso porque está naturalmente, em sua essência, em sua alma e em sua história, vinculada às lutas dos “de baixo”. O Brasil de Fato RS, agora ocupando um espaço próprio no site nacional do Brasil de Fato, pode ajudar a construir essas pontes: entre o local e o global, e entre cada um e cada uma que se sente insatisfeito e indignado frente ao mundo em que vive. Pontes, enfim, que nos levem da indignação à esperança.
Confira o site regional do Brasil de Fato RS: brasildefators.com.br
Edição: Marcelo Ferreira