O projeto que reajusta o salário mínimo regional do Rio Grande do Sul somente repondo a inflação de 2018 foi aprovado pela Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, na noite desta terça-feira (28), com 43 votos favoráveis e três contrários ao texto. Encaminhado com atraso e sem regime de urgência pelo governador Eduardo Leite (PSDB), o PL 172/2019 concede um aumento de 3,4%. Com isso, os valores do piso estadual ficam entre R$ 1.237,15 e R$ 1.567,81.
O texto foi votado sem alterações, devido um requerimento de preferência apresentado pelo líder do governo, o deputado Frederico Antues (PP). Com isso, não entrou em debate a emenda proposta pelo deputado Fernando Marroni (PT), que previa um reajuste igual ao percentual do mínimo nacional, de 4,61%.
O presidente da CUT-RS, Claudir Nespolo, criticou a manobra do governo que impediu a votação da emenda que garantiria o reajuste com ganho real aos trabalhadores. "Os mesmos deputados que haviam aprovado na mesma sessão um baita aumento de 74,5% para o novo presidente e os novos diretores do Banrisul, se negaram a elevar o piso regional além da inflação do ano passado, reduzindo o poder aquisitivo de cerca de 1,5 milhão de trabalhadores do campo e da cidade", afirmou.
A crítica ao aumento salarial para a cúpula do Banco do Estado do Rio Grande do Sul (Banrisul) faz referência à votação que antecedeu a do mínimo regional. Por 35 votos a 15, foram aprovadas as indicações do executivo com aumento salarial do novo presidente do banco (aumento de R$ 51 mil para R$ 89 mil) e dos novos diretores (aumento de R$ 40 mil para R$ 72 mil).
Segundo o presidente da CTB-RS, Guiomar Vidor, “infelizmente, a maioria dos deputados, mais uma vez, cedeu às pressões dos patrões, não concedendo um reajuste mais justo ao mínimo regional”, que beneficiaria os trabalhadores gaúchos que menos ganham e mais precisam. "A nossa luta continuará firme pela preservação e valorização do Mínimo Regional, pela importância econômica e social que representa", afirmou.
Sem a votação das emendas, também não entrou em debate a proposta protocolada pelo deputado Fábio Ostermann (Partido Novo), que estabelecia o fim do salário mínimo regional, uma vez que os reajustes ficariam congelados até que atingissem o valor do mínimo nacional. As centrais sindicais eram críticas a essa proposta e vinham denunciando que a demanda estava em sintonia com federações empresariais. Em fevereiro, a Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs) e a Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande do Sul (Fecomércio-RS) enviaram um ofício ao governador pedindo a extinção do piso regional.
Edição: Marcelo Ferreira