Rio Grande do Sul

SEM AR

Frente fria volta ao estado juntamente com chuva preta, alerta Metsul 

Estado tem apenas cinco estações de monitoramento da qualidade do ar

Brasil de Fato | Porto Alegre (RS) |
A piora na qualidade do ar no estado está ligada à entrada de fumaça oriunda de queimadas na região amazônica - Foto: Fernando Oliveira

Entre esta quinta e sexta-feira (12 e 13), uma nova frente fria deverá alterar o clima no Rio Grande do Sul, trazendo chuva em todas as regiões do estado. O alerta é da Metsul Meteorologia que também chama atenção para a presença de fuligem das queimadas juntamente com a chuva. 

A instabilidade chegou ao estado nesta quinta e prossegue na sexta-feira. De acordo com a empresa a instabilidade será maior na Metade Norte, onde em alguns pontos pode chover por vezes forte com trovoadas e ocasional queda de granizo. A chuva atingirá todo o Rio Grande do Sul e pode ter volumes mais altos em parte do estado com acumulados entre esta quinta e a sexta-feira próximos ou acima dos 50 mm. Na maior parte do estado, porém, os acumulados não serão altos.

Ainda de acordo com a agência, modelos de aerossóis, como o europeu CAMS, indicam uma quantidade muito expressiva de fumaça sobre o Rio Grande do Sul nesta quinta, imediatamente sobre a frente. Parte do estado terá uma das maiores concentrações de toda a América do Sul.

“A instabilidade frontal deve trazer chuva preta com fuligem de queimadas se precipitando juntamente com as gotas d´água. Soot, ou fuligem, é um material particulado constituído principalmente de carbono, que se forma como resultado da combustão incompleta de materiais orgânicos, como combustíveis fósseis (carvão, petróleo) e biomassa (madeira, resíduos agrícolas). Quando esses materiais não queimam completamente, em vez de se transformarem inteiramente em dióxido de carbono (CO₂) e vapor de água, eles produzem partículas finas de carbono negro e outros composto”, expõe. 

Segundo a Metsul, essas partículas são extremamente pequenas, com diâmetros na escala de nanômetros a micrômetros, o que lhes permite permanecer suspensas no ar por longos períodos e viajar grandes distâncias. Fuligem e a chuva preta estão intimamente relacionados, ressalta. “A chuva preta é um fenômeno que ocorre quando a fuligem e outras partículas contaminantes presentes na atmosfera se misturam com a umidade e precipitam sob a forma de chuva. Esse tipo de chuva, que não necessariamente se precipita com cor preta, é indicativo de altos níveis de poluição, e geralmente é observada em locais próximos a áreas industriais, queimadas ou onde há intensa queima de combustíveis fósseis”, explica. 

A empresa pontua que a chuva preta tem impactos visíveis no ambiente urbano, podendo deixar uma camada de sujeira nas superfícies, como prédios, veículos e infraestrutura, o que pode levar à degradação dos materiais e aumentar os custos de manutenção. “A relação entre fuligem e chuva preta é um indicador preocupante dos níveis de poluição atmosférica em muitas partes do mundo”, afirma.

De acordo com reportagem do Sul21, apenas uma estação no RS mede poluente da fumaça que mais afeta a saúde da população. De acordo com a matéria, a Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), órgão responsável pelo monitoramento da qualidade do ar no RS, só tem cinco estações de monitoramento da qualidade do ar em todo o estado.

“Todas as estações são em cidades da região metropolitana, o que deixa sem informação a população que vive no Interior. E apenas uma estação, a de Triunfo, mede o material particulado MP2,5, um dos principais poluentes relacionados ao fogo das queimadas. O MP10, com partículas inaláveis menores que 10 micrômetros (referente ao diâmetro do tamanho da partícula), é um dos poluentes monitorados nas estações de Canoas, Esteio, Gravataí, Guaíba e Triunfo. Porém, apenas a estação do polo petroquímico de Triunfo, sob responsabilidade da Braskem, efetua a medição do material particulado fino MP2,5.”

* Com informações da Metsul e Sul 21


Edição: Katia Marko