Rio Grande do Sul

Queimadas

Brasil vive uma pandemia de incêndios florestais, diz Dino

Ministra Marina define objetivos da Autoridade Climática e Porto Alegre sofre efeitos das queimadas pelo país

Brasil de Fato | Porto Alegre |
“O mundo ainda não sabe lidar com esse novo normal. E os cientistas estão dizendo que o que era extremo pode se transformar no normal e o que vai ser extremo, a gente nem sabe ainda o que é” - Foto: Eugênio Bortolon

O ministro do STF diz que o Brasil vive uma pandemia de incêndios florestais e convoca bombeiros para agir com eficiência e rapidez nas zonas afetadas. A ministra do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, Marina Silva, disse, nesta quarta-feira (11) que o Governo Federal ainda está desenhando a estrutura da Autoridade Climática. A intenção de criar o órgão, dentro do Ministério do Meio Ambiente, foi reafirmada pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. 

Enquanto isso, várias regiões do país, inclusive Porto Alegre, sofrem com os efeitos do ar impuro, cheio de fuligem, proveniente dos incêndios do Centro Oeste, principalmente, e outras regiões da América do Sul. O sol não aparece com o seu natural esplendor. Fica sempre encoberto por nuvens de queimadas. Mais uma calamidade ambiental. A prefeitura de Porto Alegre anda alertando a população para o uso de máscaras, ingerir muito líquido (água) e tomar precauções em casa e na rua. Na zona Sul do estado, em cidades como Arroio do Meio, São José do Norte e Rio Grande, as chuvas são escuras, apresentando nitidamente influências das queimadas do Brasil.

Para combater esta e outras tragédias, a ministra disse que as ações da futura autoridade contarão com o suporte e o lastro de um comitê técnico-científico, que deve reunir “o que há de melhor na ciência brasileira”. “A Autoridade Climática é um desenho que vai trabalhar no sentido da articulação, da formulação dos regramentos voltados para fazer esse enfrentamento”, disse Marina. Segundo ela, os eventos climáticos extremos estão ocorrendo com mais frequência e é preciso se preparar para situações ainda mais extremas.

“O mundo ainda não sabe lidar com esse novo normal. E os cientistas estão dizendo que o que era extremo pode se transformar no normal e o que vai ser extremo, a gente nem sabe ainda o que é”, alertou a ministra. Ela também falou que o governo está trabalhando para lidar com a situação de seca que atinge 25 unidades da Federação, das quais nove estão com estiagem em 100% de seu território, a baixa umidade relativa do ar e os incêndios que estão ocorrendo em vários pontos do território nacional.


Foto: Divulgação

“Tem uma química perversa que se complementa nesse momento, que é a alta temperatura, baixa umidade, ventos fortes e pessoas ateando fogo em várias regiões”, disse a ministra, que defendeu penas mais severas para aqueles que provocam incêndio criminoso.

“Já são 32 inquéritos investigando a origem criminosa para que o processo de dissuasão possa ficar claro, de que quem fez a queima criminosa haverá de pagar.” Ela também defendeu o fim da regularização fundiária para pessoas que ocuparam ilegalmente e degradaram áreas de vegetação nativa.
Conforme Marina, o governo tem se preparado para essa situação de emergência climática desde a transição, no fim de 2022, mas o problema deveria ter começado a ser resolvido em 1992, quando houve um alerta dos cientistas sobre as mudanças climáticas.

“O fator básico é não terem sido tomadas medidas contra as situações que levaram à mudança do clima. E a mudança climática já aconteceu, nós já estamos vivendo sob os efeitos dessa mudança. Nós alcançamos 1,5 grau Celsius (°C) de elevação de temperatura da Terra em relação ao período pré-industrial no ano passado, e agora, os cientistas estão verificando se isso vai se estabilizar ou se ainda tem como retroagir”, disse Marina.
“E aí se você me diz, o que o governo tem que fazer para não secar os rios no ano que vem? Era o que todos os governos e todos os empresários deveriam ter feito desde 1992, quando ocorreu a Eco-92”, conclui.

Metsul


As poucas estações mantidas pelo governo do estado medem MP10, ou seja, partículas de maior diâmetro / Foto: Eugênio Bortolon

Confira aqui o que diz a Metsul Sobre o ar da Capital gaúcha:

“Porto Alegre e região metropolitana enfrentam os piores dias de poluição atmosférica em 13 anos, de acordo com levantamento da MetSul Meteorologia. A qualidade do ar tem variado entre ruim e muito ruim na Grande Porto Alegre pela grande quantidade de fumaça derivada de queimadas na América do Sul. Uma estação particular de monitoramento de qualidade do ar que registra material particulado de menor diâmetro (MP2,5) mediu um AQI de 160 no começo da madrugada de hoje no Vale do Sinos, no Norte da área metropolitana. As MP2,5 são um tipo de partículas inaláveis, de diâmetro inferior a 2,5 micrometros (µm) e constituem um elemento de poluição atmosférica.

As poucas estações mantidas pelo governo do estado medem MP10, ou seja, partículas de maior diâmetro. Conforme a tabela de AQI (Air Quality Index), da EPA, a agência ambiental dos Estados Unidos, valores entre 0 e 50 (verde) são bons. Entre 51 e 100 (amarelo) são considerados moderados. Nesta faixa, a qualidade do ar é aceitável. No entanto, pode haver risco para algumas pessoas, particularmente aquelas que são excepcionalmente sensíveis à poluição do ar.” 

* Com informações da Agência Brasil e Metsul.


Edição: Katia Marko