O Festival Santa Cruz de Cinema chega na sua sétima edição consolidado já como plataforma importante para o curta-metragem no país, além de um ponto de encontro relevante para a comunidade cinematográfica. Com entrada franca, começa na noite desta terça-feira (3) o evento anual que celebra a produção cinematográfica brasileira, destacando novos talentos e honrando nomes consagrados do setor.
Em 2024, o festival contou com 827 obras inscritas, representando 24 estados brasileiros e o Distrito Federal. Os estados com maior percentual de inscrições foram, respectivamente, São Paulo (28,3%), Rio de Janeiro (10,5%), Minas Gerais (9,1%) e Rio Grande do Sul (8,6%).
Deste montante, coube à curadoria do evento selecionar os 18 filmes finalistas (de oito estados) para a Mostra Nacional e os três filmes integrantes da Mostra Olhares Daqui. O júri do festival é composto pela diretora e produtora Lígia Walper, pela fotógrafa Shaiane Giusti e pela atriz Kaya Rodrigues.
'Rosinha' do filme "O Auto da Compadecida" é uma de suas atuações mais conhecidas / Reprodução
Nesta edição, a homenageada será a atriz e produtora Virginia Cavendish. Já o ator gaúcho Marcos Breda receberá o Prêmio Tuio Becker, uma honraria criada para celebrar a significativa contribuição ao cinema do crítico santa-cruzense, reconhecido nacionalmente pelo seu trabalho.
Virginia Cavendish é pernambucana nascida na capital Recife e iniciou sua carreira aos 17 anos. Desde então, tem se destacado em inúmeras produções de grande sucesso. Na televisão, participou de novelas e séries como "A Vida Secreta dos Casais", "Labirinto", "Dona Flor e Seus Dois Maridos", "O Cravo e a Rosa" e "As Filhas da Mãe".
Sua grande atuação como Rosinha na série "O Auto da Compadecida" é um marco na história recente da televisão brasileira. Virginia também é conhecida por sua versatilidade em programas humorísticos como "A Grande Família" e "As Canalhas", além de ter apresentado o programa TNT+Filme por quatro temporadas. No cinema, atuou em filmes icônicos como "Corisco e Dadá" e "Lisbela e o Prisioneiro", pelos quais recebeu inúmeros prêmios e indicações. No teatro, trabalhou com renomados diretores e também se destacou como produtora de peças e filmes, incluindo o premiado "Através da Sombra".
18 curtas de 8 estados brasileiros concorrem aos troféus inspirados nas tipuanas do Túnel Verde da cidade / Foto: Divulgação
Além das sessões dos curtas, a programação do festival também privilegia os debates com os realizadores das obras e eventos paralelos da área audiovisual. Na quarta-feira (4), acontece o painel "Colaboração entre Indústrias Criativas: Cinema, Turismo e Cultura" com Christiano Braga, Supervisor de Economia Criativa da Embratur. Em pauta, como as produções audiovisuais podem atuar como uma alavanca para o turismo e a cultura, gerando oportunidades de crescimento e promovendo o território, transformando cenários em destinos turísticos e culturais.
Todas as atividades são gratuitas e abertas à comunidade. O festival é realizado pelo Sesc/RS – Unidade Santa Cruz do Sul, Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) e Pé de Coelho Filmes, com o patrocínio da JTI, da Prefeitura Municipal e da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan). O evento cinematográfico conta com o incentivo da Lei Paulo Gustavo - Governo Federal, operacionalizada pela Secretaria de Cultura de Santa Cruz do Sul, além de apoio institucional da Santa Cruz Film Commission.
Homenagem a Marcos Breda com Troféu Tuio Becker
Ator gaúcho recebe distinção na noite de encerramento (6)+ / Foto: Arquivo Pessoal
Formado em Letras pela UFRGS e mestre em Teatro pela Uniorio, o ator e diretor Marcos Breda iniciou a carreira em Porto Alegre, sua cidade natal, em produções audiovisuais e no grupo teatral “Vende-se Sonhos”. No começo da carreira, foi um personagem importante da chamada geração do cinema Super-8.
Na televisão, estreou na minissérie “O Tempo e o Vento”, com direção geral de Paulo José. Esteve em obras como “Mandala”, “Que Rei Sou Eu?”, “Vamp”, “Explode Coração” e “Sítio do Picapau Amarelo”, na Globo; “Confissões de Adolescente”, na TV Bandeirantes; e “Minha Terra, Minha Mãe”, na Televisão Pública de Angola, além de ter participado de novelas no SBT e na Record.
No cinema, destacou-se pelo filme “Feliz Ano Velho”, pelo qual recebeu seu primeiro Kikito de Melhor Ator em Gramado. Entre seus trabalhos mais recentes, estão “Perseguição e Cerco a Juvêncio Gutierrez”, dirigido por Tabajara Ruas; “Cordialmente Teus”, com direção de Aimar Labaki; e os longas “Um Dia Cinco Estrelas” e “Quem Vai Ficar com Mário?”, de Hsu Chien.
A homenagem ao artista com a cerimônia de entrega do Troféu Tuio Becker ocorre na noite de encerramento do festival, sexta-feira (6). Anteriormente, a distinção foi destinada a Leandro Firmino, Thiago Lacerda, Julio Andrade, José Luiz Benício e Filipe Matzembacher e Márcio Reolon.
“Tuio era meu amigo. Fiquei muito honrado e aceitei prontamente o convite da organização do evento. Sinto-me profundamente grato e feliz com essa homenagem. Vai ser muito legal voltar a Santa Cruz do Sul, depois de tantos anos, para participar de um Festival de Cinema tão importante. É um privilégio!”, conta Breda. Ele ainda brinca dizendo que pretende ser simples e breve no palco, para agradecer a honraria: “Creio que a melhor qualidade de um discurso é sua curta duração (risos)”.
Produção audiovisual do município conta com uma das film commissions mais atuantes do RS / Foto: Divulgação
O tom bem-humorado segue ao tentar lembrar se já tinha recebido antes um prêmio desses por conjunto da obra e contribuição ao audiovisual. “Creio que não, acho que eu ainda não tinha idade e/ou trajetória que justificasse tal distinção. Agora, pelo menos, idade para isso já tenho (mais risos)”, provoca graciosamente o ator de 63 anos, nome e figura bastante representativos para a área no estado.
Também muito amigo de Caio Fernando Abreu, Breda participou do documentário "Sobre Sete Verdes Ondas Espumantes", filme-ensaio poético visual de Bruno Polidoro e Cacá Nazario, do qual diz adorar o resultado. Perguntado sobre quem escolheria para realizar um longa sobre a sua trajetória, o intérprete responde de pronto, sem titubear: “Paulo Nascimento seria o diretor, com produção da Accorde Filmes”.
Surpresa com a rapidez, a reportagem indagou se o plano já estava em processo: “Não está acontecendo, mas é que trabalho bastante com a Accorde e sou muito fã do Paulo Nascimento, como artista e como pessoa. Trabalhamos juntos muitas vezes. É um amigo querido e um diretor extremamente talentoso e competente”. Se o projeto ainda não existia, agora a matéria lança a ideia aos pares.
Transmissão ao vivo com alunos da Unisc
A 7ª edição do Festival Santa Cruz de Cinema terá uma cobertura especial com a transmissão ao vivo do evento, realizada integralmente por alunos dos cursos de Comunicação & Criatividade da Universidade de Santa Cruz do Sul. Intitulado "Festival Ao Vivo", o projeto envolve cerca de 30 alunos que, juntamente com técnicos e professores da instituição, são responsáveis por cada detalhe da transmissão.
De acordo com o professor e subcoordenador dos cursos de Comunicação & Criatividade, Willian Araújo, serão feitas entrevistas exclusivas, comentários e análises das obras exibidas, proporcionando uma compreensão mais profunda das produções. “Para os alunos envolvidos, este projeto é uma oportunidade de aplicar na prática o que aprendem em sala de aula. Essa vivência aprimora suas habilidades técnicas, fortalece a capacidade de trabalhar em equipe e de lidar com os desafios reais do mercado de trabalho”, explicou.
Os espectadores poderão acompanhar o Festival em tempo real e todas as emoções que antecedem cada dia do evento pelo canal da Unisc TV e pelo Portal Gaz no YouTube.
Confira mais informações no site festivalsantacruzdecinema.com.br.
Programação 7º Festival Santa Cruz de Cinema (2024)
03/09 (terça):
19h - Abertura
· Margaridas, de Bruna Richter Eichler (SCS)
· A Menina Atrás do Espelho, de Iuri Moreno (GO)
· Fitoterapia, de Eduardo Piotroski (RS)
· Pequenas Insurreições, de William de Oliveira (PR)
· Cava, de Hopi Chapman e Karine Emerich (RS)
· A Noite das Garrafadas, de Elder Gomes Barbosa (RJ)
· O Aniversário do Seu Lair, de Dácio Pinheiro (SP)
04/09 (quarta):
14h
Painel "Colaboração entre Indústrias Criativas: Cinema, Turismo e Cultura"
Local: Coworking Cultural (Rua Tiradentes, 15, junto à Biblioteca Pública Municipal)
19h
· De volta para o mesmo lugar, de Lucas Lemes (SCS)
· Cida tem duas sílabas, de Giovanna Castellari (SP)
· Ao sol e à sombra, de Teresa Assis Brasil e Richard Tavares (RS)
· Sereia, de Estevan de la Fuente (PR)
· Noz Pecã, de Aline Gutierres (RS)
· Expresso Parador, de JV Santos (RJ)
· Morro do Cemitério, de Rodrigo R. Meireles (MG)
05/09 (quinta):
14h30min: Delivery, de Virgínia Cavendish (exibição paralela)
19h
· Madame Bovet, de Bruna Weis e Guilherme Andriolo (SCS)
· Circuito, de Alan Souza e Leão Neto (CE)
· Todo romance termina assim, de Marco Aurélio Gal (SP)
· Zagêro, de Victor Di Marco e Márcio Picoli (RS)
· Infantaria, de Laís Santos Araújo (AL)
· O Tempo, de Ellen Corrêa (RS)
· Big Bang, de Carlos Segundo (MG)
Cerimônia de homenagem para Virgínia Cavendish
06/09 (sexta):
19h
Exibição do filme longa-metragem InfiniMundo, ambientado no interior de Santa Cruz e Sinimbu
Homenagem para Marcos Breda, premiação e encerramento
Edição: Katia Marko