Rio Grande do Sul

HISTÓRIA

Getúlio Vargas será homenageado pelos 70 anos da sua morte no Plenarinho da Assembleia Legislativa do RS

Professores vão debater o legado do ex-presidente na construção do Estado Nacional

Brasil de Fato | Porto Alegre |
O tema do evento é “Vargas e a Construção do Estado Nacional”
O tema do evento é “Vargas e a Construção do Estado Nacional” - Wikicommons

O Plenarinho da Assembleia Legislativa do RS vai sediar na próxima sexta-feira (23), a partir das 18h30min, uma homenagem aos 70 anos da morte e da carta testamento de Getúlio Vargas. O tema do evento é “Vargas e a Construção do Estado Nacional”, um tema sempre importante no contexto de um Brasil ainda em busca de um modelo ideal. “Acertar a mão” no comando de um Brasil desigual é uma tarefa ingrata. Os mesmos querem sempre mais. O restante que se vire. Esta é a lógica que predomina em quase todos os governos. Basta ver os governos de Lula (3) e Dilma (2), que procuraram e lutaram por mudanças para transformar o país em uma nação mais social, mais justa, mais digna para entender a dinâmica da realidade nacional. O boicote e as chantagens vieram e vêm de todos os lados – de parte dos governadores, parlamentos estaduais, da câmara federal, do senado, dos ricos e dos que pensam que são ricos. Não há santo que aguente. É preciso fazer acrobacias e ginásticas para conseguir aprovar alguma coisa.

Getúlio Vargas foi um fenômeno à parte. Está certo, foi ditador no seu primeiro governo (1930-45), mas governou para o povo, mesmo com uma oposição vigilante, combativa e militares sempre lustrando os coturnos para qualquer cochilo do presidente, o que aconteceu em 1945. Durante o Estado Novo, Vargas governou por decretos-leis e, na área trabalhista, criou o salário mínimo e a Consolidação das Leis de Trabalho (CLT). Nascia aqui um projeto político que ficou conhecido como trabalhismo e que marcou os anos finais da carreira política de Vargas.

Militar, advogado e político gaúcho de São Borja, Getúlio liderou a Revolução de 1930, acabando com a República Velha e depondo seu 13º presidente, Washington Luís e impedindo a posse do eleito em março de 1930, Júlio Prestes. No seu primeiro governo de 15 anos teve três fases: de 1930 a 1934, como chefe do "Governo Provisório"; de 1934 até 1937 como Presidente da República do Governo Constitucional, tendo sido eleito pela Assembleia Nacional Constituinte de 1934; e, de 1937 a 1945, como ditador, durante o Estado Novo implantado após um golpe de estado.

No segundo período, (1950-54) em que foi eleito por voto direto, Getúlio governou o Brasil como presidente da república, por 3 anos e meio: de 31 de janeiro de 1951 até 24 de agosto de 1954, quando se suicidou, aos 72 anos, depois de uma série de combates e agressões com a imprensa daquela época, principalmente de Carlos Lacerda, da Tribuna da Imprensa, do Rio. 


Evento no Plenarinho da ALRS / Divulgação

Getúlio era chamado por seus simpatizantes de "pai dos pobres" pela legislação trabalhista e políticas sociais adotadas em seus governos. A sua doutrina e seu estilo político foram denominados de "getulismo" ou "varguismo", cuja base era o desenvolvimento nacional a partir de uma política de colaboração de classes. Com sua forte centralização política, criou importantes estatais: Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), Companhia Vale do Rio Doce, Hidrelétrica do Vale do São Francisco, Petrobras e Eletrobras, além de entidades como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Seus seguidores, até hoje existentes, são denominados "getulistas". Uma prova disso é que sempre há homenagens para o “pequeno caudilho”, como também era chamado, no monumento com a carta testamento em Porto Alegre, na Praça da Alfândega. Muita gente participa e, pelo Brasil afora, há também solenidades para relembrar os seus governos. Virou tema de livros, filmes, documentários, estudos, pesquisas, nome de ruas, cidades, instituições e assim por diante. Só na Amazon, por exemplo, são 20 ofertas de livros com títulos de autores diferentes.

Encontro na Assembleia

Na homenagem do dia 23 no Plenarinho, promovida por partidos políticos e ALRS, estarão lá discutindo, palestrando e falando os professores Nilson Araújo de Souza e Ceci Juruá e o jornalista e escritor Juremir Machado da Silva, com mediação do professor Cassio Moreira.

Nilson Araújo de Souza é formado em Economia pela Universidade Federal do Pará, defendeu Mestrado entre 1975/1976 em Economia Rural pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Doutorou-se pela Universidad Nacional Autónoma de México (UNAM – 1978/1980) e pós-doutorou-se pela Faculdade de Economia da Universidade de São Paulo (1984/1985). Foi professor convidado, professor visitante e professor pesquisador de inúmeras universidades, entre elas, a Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, Universidade Federal da Paraíba e Universidad Nacional Autónoma de México. Atualmente, leciona na Universidade Ibirapuera, no Centro Universitário Belas Artes e na Fundação Instituto Tecnológico de Osasco (SP). Publicou inúmeros artigos, teses, monografias e livros.

Ceci Juruá é economista, doutora em Políticas Públicas e mestre em Planejamento e Desenvolvimento Econômico. Possui mais de 40 anos de experiência em coordenação de políticas públicas, finanças governamentais e planejamento de transportes. Foi professora universitária em diversas instituições do Brasil, consultora de entidades nacionais e estrangeiras, e exerceu diversos cargos de direção em instituições governamentais. Foi vice-presidente da Federação Nacional dos Economistas e Conselheira do Conselho Regional de Economia do Rio de Janeiro por dois triênios. Tem artigos e documentos técnicos publicados em revistas técnicas e jornais. Realiza periodicamente palestras e conferências sobre a conjuntura econômica, política brasileira e outros temas de sua especialidade. 

Juremir Machado da Silva é um jornalista e escritor consagrado, principalmente no RS. Com escrita direta, objetiva, é formado em jornalismo e em história pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), doutor em Sociologia pela Université Paris-Descartes (V), sob a orientação de Michel Maffesoli.  Em Paris, de 1993 a 1995, foi colunista e correspondente do jornal Zero Hora. Em 1998, fez pós-doutorado na França orientado por Edgar Morin, Jean Baudrillard e Michel Maffesoli. Atualmente, é professor do curso de Jornalismo da Faculdade de Comunicação Social da PUCRS, onde é coordenador do Programa de Pós-graduação em Comunicação desde 2022 e colunista do Matinal, jornal diário digital de Porto Alegre.

O mediador é o professor Cássio Moreira, Pós-Doutorado em História Política pela Universidade Federal Fluminense, Doutorado em Economia com ênfase em Economia do Desenvolvimento pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Mestrado em Economia do Desenvolvimento pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Foi tecnologista na Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e professor de economia nos cursos de graduação e pós-graduação nas Faculdades Porto Alegrense, no Centro Universitário La Salle, na Luterana São Marcos e professor substituto na UFRGS.

Atualmente é professor de economia no Instituto Federal do Rio Grande do Sul, campus Porto Alegre. Tem experiência nas áreas de Economia e Relações Internacionais, com ênfase em História Econômica, Crescimento e Desenvolvimento Econômico, Economia Política e Internacional, Formação Econômica do Brasil e Economia Brasileira.

* Jornalista.

** Com informações da Plataforma Lattes.

*** Este é um artigo de opinião e não necessariamente expressa a linha editorial do Brasil de Fato.


Edição: Vivian Virissimo