O Museu da Cultura Hip Hop inaugura exposição em comemoração aos 30 anos do grupo Revolução RS. Com fotos, vídeos, cartazes, discos, artigos e relatos dos próprios integrantes da banda, a mostra entra em cartaz neste sábado (6) e pode ser visitada até 22 de setembro.
Vai Ficar Russo: Três Décadas de Revolução RS conta os anos de protagonismo do grupo que foi lançado em 1993, na Bom Jesus, zona Leste de Porto Alegre. As obras também revelam aos espectadores um pouco mais da história do movimento Hip Hop no Rio Grande do Sul e sua forma de fazer política. O nome da mostra é uma alusão à música Russo, que teve vídeo clipe lançado em 2003 e se tornou referência na história do rap porto-alegrense.
O certame pode ser visitado na sala Hip Hop Criado na Rua. O espaço é rotativo e também recebeu a mostra “Da Guedes 30 Anos”. Ao explorar as obras, o público poderá mergulhar na história, no ativismo e na cultura que moldaram o Revolução RS. Os 87 itens expostos contam a jornada do grupo que, ao longo desses 30 anos, utilizou a música como uma poderosa ferramenta de protesto e transformação social.
São 87 itens expostos que contam a história, o ativismo e a cultura que moldaram o Revolução RS que utilizou a música como ferramenta de protesto e transformação social / Divulgação Museu da Cultura Hip Hop RS
A exposição ainda prestará homenagem a Fábio da Silva Dias, também conhecido como Amarelo 470. O integrante do grupo faleceu em 24 de junho de 2024, aos 45 anos. Um dos grandes nomes do movimento em Porto Alegre, Amarelo é um dos fundadores da Organização Mocambo de Resistência e do MOHHB-RS. Ajudou a construir o Prêmio Lança de Ouro, o primeiro da cultura Hip Hop no estado e que premia os ativistas e artistas do movimento de toda a parte Sul do país. Foi educador na FASE (Ex-FEBEM) e na Escola Porto Alegre que trabalha direto com crianças e adolescentes em vulnerabilidade ou em situação de rua.
O grupo Revolução RS surgiu como uma resposta fervorosa à desigualdade e ao abandono enfrentados pela periferia na capital sul-rio-grandense. Nasceu em 1992, sendo lançado oficialmente em 1993, na comunidade do bairro Bom Jesus, como a voz insurgente de adolescentes que se recusavam a aceitar o descaso dos governantes diante das condições de exclusão do povo do gueto. Atualmente, o grupo é consolidado como uma potência indiscutível na história do rap sulista.
O grupo foi lançado em 1993, na Bom Jesus, zona Leste de Porto Alegre, para denunciar o descaso de governantes diante das condições de exclusão do povo da periferia / Divulgação Museu da Cultura Hip Hop RS
O trabalho foi selecionado por meio do edital Vem Pro Museu, financiado pela Lei de Incentivo à Cultura, com patrocínio da Petrobras e do Instituto Neoenergia – realização do Ministério da Cultura, Governo Federal, União e Reconstrução.
Localizado na Rua Parque dos Nativos 545, Vila Ipiranga, em Porto Alegre, o Museu da Cultura Hip Hop fica aberto para visitação de quarta-feira a domingo, das 9h às 12h e das 14h às 17h, inclusive aos feriados. Neste período, é possível optar por visitas agendadas ou livres. A entrada é gratuita.
Programa Vem Pro Museu
O programa Vem Pro Museu contempla cinco tipos de editais: exposições museológicas, eventos esportivos, escritores e escritoras, eventos culturais, produção musical e gravação musical. Além disso, um formulário para recebimento de outros tipos de propostas também segue disponível, para que o Museu receba projetos de atividades que não se adequam às normas dos editais.
A primeira chamada do programa encerrou as inscrições em 30 de abril deste ano, tendo o resultado divulgado no sábado (29), através das redes oficiais do Museu da Cultura Hip Hop RS. Os projetos inscritos foram analisados por uma curadoria composta por representantes de cada elemento da cultura Hip Hop: graffiti, breaking, MC, DJ e o conhecimento. O edital é permanente e novas convocatórias serão anunciadas no decorrer do ano. Com o valor total de R$ 270 mil de verba orçamentária, os projetos podem apresentar propostas conforme as normas de cada edital.
Breaking B.Boy Onofresh / Divulgação Museu da Cultura Hip Hop RS
Como visitar o Museu da Cultura Hip Hop do RS
Localizado na Rua Parque dos Nativos 545, Vila Ipiranga, em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, o Museu fica aberto para visitação de quarta à domingo, das 9h às 12h e das 14h às 17h, inclusive aos feriados. Neste período, é possível optar por visitas agendadas ou livres.
Os passeios agendados acontecem duas vezes ao dia, às 9h e às 14h, sendo destinados a grupos de até 50 pessoas. Para marcar, basta acessar o formulário de agendamento. Toda visita agendada é guiada por mediadores que conduzem o grupo com explicações sobre as mostras em cartaz.
A visitação livre é aberta ao público, não sendo obrigatório agendamento. Nesta modalidade, caso o interessado deseje ser guiado pelos mediadores, basta chegar ao museu no horário em que se iniciam as visitas agendadas para participar junto ao grupo do dia. As informações sobre a programação podem ser acessadas através das redes oficiais do Museu da Cultura Hip Hop RS.
Quadra Petrobras / Divulgação Museu da Cultura Hip Hop RS
Museu continua sendo centro de coleta e distribuição de doações
Devido a tragédia que atingiu o Rio Grande do Sul, o Museu da Cultura Hip Hop RS continua sendo ponto de coleta e distribuição de doações destinadas aos atingidos pela enchente. A coordenação do museu pede atenção ao horário de atendimento para que as doações sejam levadas até o local, de quarta-feira à domingo, das 9h às 12h e das 14h às 17h, inclusive aos feriados.
Doações / Divulgação Museu da Cultura Hip Hop RS
Sobre o Museu da Cultura Hip Hop RS
Inaugurado no ano do cinquentenário do Hip Hop no mundo, o Museu da Cultura Hip Hop RS é o primeiro da América Latina dedicado ao movimento. Com um espaço de quatro mil metros quadrados, o Museu é uma iniciativa coletiva da Associação da Cultura Hip Hop de Esteio, e objetiva o fortalecimento de outros estados brasileiros para criação de museus, organizando uma rede capaz de construir o Museu Brasileiro da Cultura Hip Hop nos próximos cinco anos.
O complexo conta com cerca de seis mil itens de acervo físico e digital sobre a história do Hip Hop do Rio Grande do Sul. Inspirado no The Universal Hip Hop Museum, nos Estados Unidos, conta com salas expositivas, atelier de oficinas, café, loja, estufa agroecológica, biblioteca, estúdio musical, multipalco e a Quadra Petrobras.
Universo Hip Hop. / Divulgação Museu da Cultura Hip Hop RS
* Com informações da assessoria de comunicação do Museu da Cultura Hip Hop, das redes sociais do Revolução RS e do estudo Retomando A Nossa Esquina - O Movimento Hip Hop e suas formas de fazer política em Porto Alegre, de Cássio de Albuquerque Maffioletti – do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs).
Edição: Katia Marko