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Mês do Orgulho LGBT: a necessidade urgente de participação política em 2024

'Precisamos de mais representantes LGBTQIA+ no Congresso Nacional, nas assembleias legislativas e câmaras municipais'

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Em 2019, o STF equiparou a LGBTfobia aos crimes de racismo, ao reconhecer omissão legislativa. - Foto: Carlos Costa/CMC

O mês do orgulho LGBT é uma celebração vibrante, mas também um momento de reflexão profunda sobre as conquistas e desafios que a população enfrenta diariamente. Em 2023, o Brasil registrou 257 mortes violentas de pessoas LGBTQIA+, um número alarmante que nos mantém no topo da triste lista de países mais homotransfóbicos do mundo, segundo dados do Grupo Gay Bahia (GGB). Essa realidade é um claro indicativo da urgência com que precisamos ocupar espaços políticos e garantir que nossas vozes sejam ouvidas e respeitadas nas eleições de 2024.

A violência letal contra travestis e transexuais é uma mancha inaceitável em nossa sociedade. Estima-se que as pessoas trans representem cerca de um milhão no Brasil, e o risco de uma pessoa transexual ser assassinada é 19% maior do que o risco enfrentado por gays, lésbicas e bissexuais. Essa estatística não pode ser ignorada. É preciso que todos entendam que nossas vidas importam e que a luta por igualdade e segurança é urgente e não é negociável.

A pesquisa do Instituto Locomotiva revela que 2 em cada 10 brasileiros ainda consideram a homossexualidade uma doença e que 4 em cada 10 desses indivíduos acreditam que a homossexualidade pode ser curada. Além disso, 45% dos brasileiros não sabem o que é uma pessoa transgênero, e 4 em cada 10 não aceitariam que seus filhos ou filhas decidissem mudar de gênero. Esses dados são alarmantes e mostram o quanto ainda precisamos avançar em termos de educação e aceitação.

Nosso dever, enquanto cidadãos e membros da população LGBTQIA+, é transformar essa realidade na luta, na perseverança e no grito. Devemos lutar para que nossas questões sejam pauta principal nas políticas públicas e para que nossos direitos sejam assegurados e ampliados e não desmontados. O processo eleitoral de 2024 é uma oportunidade crucial para aumentar nossa representatividade e combater a LGBTfobia institucionalizada.

Sonho com o dia em que não precisaremos mais lutar contra a discriminação e o ódio. Um dia em que a LGBTfobia seja superada no Brasil e possamos nos debruçar sobre outras lutas, igualmente importantes, mas menos urgentes. No entanto, até que esse dia chegue, não podemos nos dar ao luxo de descansar. Cada voto, cada manifestação e cada ato de resistência são passos necessários rumo a um futuro mais justo e igualitário.

Precisamos de mais representantes LGBTQIA+ no Congresso Nacional, nas assembleias legislativas e nas câmaras municipais. Precisamos de políticas públicas que garantam nossa segurança, saúde e bem-estar. Precisamos, acima de tudo, de coragem para enfrentar aqueles que ainda insistem em nos negar nossos direitos mais básicos.

O mês do orgulho LGBT deve ser um lembrete constante de que nossa luta está longe de acabar. Devemos honrar a memória daqueles que perderam suas vidas para a violência e o ódio, lutando com mais afinco por um mundo onde ser LGBT não seja motivo de medo ou vergonha, mas de orgulho e celebração.

Vamos juntos, rumo às eleições de 2024, com a certeza de que nossa voz tem poder e que podemos, sim, transformar a realidade do Brasil. Nossa luta é por justiça, igualdade e respeito. E não vamos parar até conseguir.

* Secretário estadual do LGBT Socialista no Rio Grande do Sul/PSB, secretário nacional LGBT Adjunto PSB, coordenador da Aliança Nacional LGBTI - Pelotas, professor Me. em Saúde e Educação LGBTQIA+

** Este é um artigo de opinião e não necessariamente expressa a linha editorial do Brasil de Fato.


Edição: Marcelo Ferreira