Rio Grande do Sul

EDUCAÇÃO SUPERIOR

Em marco histórico, Ufrgs adota paridade de votos com liderança feminina na disputa pela Reitoria

Pela primeira vez, os votos de professores, técnicos e estudantes terão peso igual na consulta à comunidade

Brasil de Fato | Porto Alegre |
O processo de escolha acontecerá por meio de consulta informal à comunidade acadêmica e posterior votação do Consun - Foto: Ramon Moser / Secom Ufrgs

A Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) aderiu a mudanças significativas em seu processo eleitoral para gestão da Reitoria da instituição, estabelecendo que, pela primeira vez, os votos de professores, técnicos e estudantes terão peso igual na consulta à comunidade universitária. Anteriormente, os votos dos docentes correspondiam a 70% do resultado final, enquanto os demais segmentos representavam 15% cada.

A mudança, aprovada pelo Conselho Universitário (Consun) em novembro do ano passado, enfrentou suspensão temporária pelo reitor Carlos André Bulhões Mendes em março. Contudo, uma nova resolução foi aprovada em maio, instituindo uma "consulta informal" com paridade, garantindo que todos os segmentos da comunidade universitária tenham o mesmo peso nos votos. O processo de escolha acontecerá por meio de consulta informal à comunidade acadêmica e posterior votação do Consun.

"A principal alteração deste ano é a possibilidade que a Universidade abriu, a partir de uma decisão do seu Conselho Universitário, para a realização de um formato de consulta à comunidade que permite que o cômputo dos votos das categorias docente, discente e técnico-administrativos em Educação da Ufrgs seja feito de forma paritária e que esse resultado seja apresentado ao Conselho Universitário como um subsídio para a efetiva eleição de reitores", explica Gabriel Focking, presidente da comissão formada para organizar a consulta informal. 

Nas eleições deste ano, todas as chapas são lideradas por mulheres, com homens como candidatos a vice-reitor. 

Candidatos

Chapa 1

A Chapa 1 é composta por Liliane Ferrari Giordani e Carlos Alberto Gonçalves. Liliane, diretora da Faculdade de Educação da Ufrgs, é formada em Educação Especial pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e possui mestrado e doutorado em Educação pela Ufrgs. Carlos Alberto é professor da Ufrgs desde 1991, com graduação em Medicina pela Universidade Católica de Pelotas (Ucpel), mestrado em Ciências Biológicas pela Ufrgs, doutorado em Bioquímica pela Universidade Federal do Paraná e pós-doutorado na Universidade de Newcastle, na Austrália.

"2024 marca um novo tempo na Ufrgs. Foram quatro anos de intervenção, quatro anos que nossa autonomia universitária foi rasgada e ignorada", analisa a candidata Liliane Giordani. 

Chapa 2

A Chapa 2 é composta por Ilma Simoni Brum e Vladimir Pinheiro do Nascimento. Ilma é diretora do Instituto de Ciências Básicas da Saúde da Ufrgs, com formação em Ciências Biológicas pela PUCRS e mestrado e doutorado em Fisiologia pela Ufrgs, além de pós-doutorado na França. Vladimir, diretor da Faculdade de Medicina Veterinária da Ufrgs, possui graduação e doutorado em Medicina Veterinária pela Ufrgs e pós-doutorado na Universidade de Glasgow, na Escócia.

"Ao longo das últimas décadas, nos dedicamos, de corpo e alma, à pesquisa, ao ensino, à extensão e à gestão universitária", comenta a candidata Ilma Brum.  

Chapa 3

A Chapa 3 é composta por Márcia Cristina Bernardes Barbosa e Pedro de Almeida Costa. Márcia, comendadora da Ordem Nacional do Mérito Científico e membro titular da Academia Brasileira de Ciências, tem graduação, mestrado e doutorado em Física pela Ufrgs e é professora titular no Instituto de Física da instituição. Pedro é professor da Escola de Administração da Ufrgs desde 2010, com graduação, mestrado e doutorado em Administração pela mesma instituição, focando em gestão social e tecnologias sociais.

"Nosso ideal de uma universidade boa pra todo mundo é possível", destaca a candidata Márcia Barbosa.

Nesta terça-feira (18), a Chapa 3 denunciou uma tentativa de invalidar a consulta por parte de um procurador da Ufrgs. "Na verdade, trata-se da tentativa interna de um pequeno número de docentes que estão em órgãos de administração da Ufrgs, que fazem uma provocação indevida à Procuradoria da Ufrgs. A Procuradoria expede um parecer ao reitor, que não tem efetividade em âmbito administrativo, sendo apenas uma opinião, de que a consulta não pode ser feita dessa forma na Ufrgs, porque a Universidade tem no seu estatuto que o processo de eleição, que é do âmbito do Consun, incluirá a consulta", explica Gabriel Focking. 

De acordo com Gabriel, não há uma necessidade legal de que o Consun posteriormente siga exatamente o resultado da consulta, por isso é afirmado que a consulta é informal e não vinculante. Nenhuma das consultas, seja formal, organizada pelo Conselho Universitário, seja informal, com cálculo paritário ou outros métodos, possui caráter vinculante.


Edição: Katia Marko