Rio Grande do Sul

MENTIRAS E VERDADES

Na hora da tragédia, extremistas do mal agem sem dó contra tudo e todos

Desperdício e incompetência também precisam ser questionados

Brasil de Fato Porto Alegre |
"Em tragédias, como a calamidade que o Rio Grande do Sul passa no momento, muita gente está jogando a verdade na lata do lixo" - Foto: Jorge Leão

Como dizem em guerras, a primeira vítima é a verdade. Em tragédias, como a calamidade que o Rio Grande do Sul passa no momento, muita gente está jogando a verdade na lata do lixo. O que importa é o que dizem, sempre regadas com ideologia, muita imaginação e muita maldade.

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Para estes extremistas da maldade, o que vale é espalhar notícias falsas, quintuplicar fatos reais para o lado ruim. O pior de tudo é que milhares de pessoas, também predispostas ao mal, ao negativismo, acreditam e viralizam. A pior de todas ouvi agora de um blogueiro ou youtuber, seja lá o que for, de que viu centenas de corpos boiando na Mathias Velho, bairro completamente destroçado de Canoas. Completa ficção. 

Vergonha por pensarmos como chegamos neste ponto, espalhando cizânias e cataclismos. 

De lá de Canoas também veio o alerta de que casas estão sendo saqueadas, estão roubando o que podem – esta com um fundo de verdade. A Brigada Militar está patrulhando a área e tentando evitar que isso ocorra naturalmente, sem qualquer repressão. Estes roubos e saques estão acontecendo também em Porto Alegre. Estariam roubando até barcos e jet skis que andam socorrendo pessoas alagadas ou ilhadas. O horror está grande. 

Há também uma notícia que causa dor e espanto. Pode ser verdade ou não. Ninguém confirma, mas seria doloroso se isso realmente tivesse acontecendo. Segundo informações de dentro do âmbito da gestão municipal de Porto Alegre, um depósito de insumos médicos de grandes proporções está alagado no Bairro Navegantes e destruindo todo este arsenal de grande utilidade para milhares de pessoas neste momento. De quem é a culpa? Falta de previsão? Omissão da Secretaria da Saúde?

O prejuízo que causaria aos cofres públicos neste depósito é de milhões de reais. Por que não transferiram para um lugar seguro antes das chuvas? Ninguém sabe. Circula também a informação de que o Gabinete da Causa Animal deixou todos os insumos para socorrer bichos de estimação ou abandonados no prédio do Centro Administrativo Municipal, no Centro Histórico. Perdas irreparáveis também. O que houve que ninguém pensou em salvar isso já que todas as previsões indicavam de que o local seria inundado?

Mas no meio de tantas notícias – algumas exageradas, fake News, simplesmente saindo da ‘cachola’ de extremistas do mal, ou verdadeiras, mas camufladas ou negadas por incompetência do poder público – é de se registrar a força e a solidariedade de milhares de pessoas para amenizar a fome e as perdas gigantescas da população, como casas, bens, patrimônio público e privado, fábricas, lojas, e tantas outras coisas mais. Não dá para negar também o esforço de alguns funcionários públicos, de algumas autoridades e de instituições de todos os tipos e gêneros, que estão atuando e pensando no já e no agora, que é salvar vidas e dar dignidade para os desabrigados.

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Dentro deste clima de solidariedade e respeito registro o discurso que uma idosa fez no supermercado Zaffari da Coronel Bordini: ‘Pelo amor de Deus não levem tudo. Deixem um pouco para que todos saiam com alguma coisa’. Tempos de guerra. Ela falava de garrafões de água, produtos de limpeza, higiene pessoal e gêneros alimentícios. Assim é que se conduz uma tragédia. Mas, nestas horas, o desespero, a angústia, o medo e o pavor são maiores. As pessoas simplesmente enlouquecem, piram, têm medo de que vão morrer na hora seguinte.

E, depois que tudo isso passar, daqui algumas semanas, meses quem sabe, tudo deverá voltar ao normal. Espera-se. Nesta hora, quando ela chegar, vamos utilizar bem todo o dinheiro que o presidente Lula prometeu que iria liberar imediatamente para salvar e reconstruir o Rio Grande do Sul. Pelo amor de Deus, ninguém vai querer ouvir notícias de desvios e roubos de dinheiro público. O colapso geral a que chegamos precisa ser contornado com dedicação, lealdade e honestidade. Que cada um faça a sua parte, principalmente os que receberam o aval público pelo voto.

* Jornalista

** Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.


Edição: Katia Marko