A Casa de Cultura Mario Quintana sediou, nesta terça-feira (4), o lançamento da Frente Parlamentar da Economia de Cuidados, proposta pela vereadora Biga Pereira (PCdoB). O evento reuniu movimentos, ativistas sociais, pesquisadoras e entidades civis para discutir a necessidade de políticas públicas e aparelhos sociais focados nos cuidados em Porto Alegre.
De acordo com a Organização Internacional do Trabalho, as mulheres são responsáveis por 75% do trabalho de cuidado não remunerado do mundo. São elas as responsáveis por cuidar das crianças, idosos, vizinhos, familiares etc., sem receber nada por isso. "O fato de Porto Alegre ser uma cidade de maioria feminina e a segunda capital com mais população idosa do país, faz com que a pauta dos cuidados seja ainda mais urgente", pontua a parlamentar.
Conforme frisou a representante da Diretoria de Segurança de Trabalho e Renda do Ministério das Mulheres Neuza Tito, é importante pensar em políticas de cuidado que sejam interseccionais, considerando que questões como classe, raça e gênero atravessam a discussão. “O salário médio das mulheres negras representa 46% dos ganhos dos homens brancos”, expôs, lembrando que são, geralmente, as mulheres negras que precisam vender seu tempo para realizar atividades de cuidado em casas onde as mulheres vão ao mercado de trabalho.
Neuza também pontuou que como, estatisticamente, mulheres vivem mais do que homens, muitas acabam abandonadas quando chegam na terceira idade e não contam com a ajuda do Estado. “As mulheres cuidam a vida inteira e quando elas mais precisam, na velhice, são as menos cuidadas”, afirmou.
“Por se tratar de um assunto que ainda não é muito popular, mas afeta diretamente a vida de todas, eu acredito que a Frente terá muito trabalho a ser feito, mas vai colaborar de maneira significativa com a qualidade de vida de nossa cidade. Queremos cuidar de quem cuida, pautando discussões em áreas como educação, saúde, mobilidade urbana, segurança e trabalho”, finalizou a vereadora Biga Pereira.
O evento teve a participação do grupo Conexão Mulheres & Economia, do grupo de pesquisa Economia Feminista da Ufrgs, da associação Themis – Gênero, Justiça e Direitos Humanos, Instituto Justiça Fiscal, Fecosul, Associação Gaúcha de Consultoras em Aleitamento Materno (Agacam) e União Brasileira de Mulheres, além de pessoas interessadas nas diversas pautas que a Frente deve tratar.
Edição: Katia Marko